• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 15/01/2017 - 13:22h

A tímida passagem do governo por Mossoró

A agenda do governador Robinson Faria (PSD), em Mossoró, foi muito tímida, sob do ponto de vista de ações administrativas – para quem praticamente abandonou a cidade, durante os dois primeiros anos de mandato.

Isso é até compreensível para um governo que, na pratica, não tem o que mostrar.

Alguns engodos, anunciados com pompas, chegam a insultar a inteligência e a paciência dos cidadãos mossoroenses. Um deles é a reforma do aeroporto de Mossoró e o anúncio de que teremos voos diários a partir de abril.

Rosalba e Robinson: faz-de-conta (Foto: Arquivo)

Mas, isso não é tão simples assim. Depende ainda de condições técnicas severas que precisam ser adequadas, junto aos órgãos controladores e reguladores de aeroportos no Brasil (Anac, cindacta III etc.). Não existe um estudo sério sobre a sua viabilidade econômica.

Até mesmo, os horários de voos anunciados são inadequados para quem pretende ir a Recife a negócio. Mas, estranhamente, a paternidade do “feito” já está sendo disputada entre o ex-prefeito Francisco José Júnior (PSD), a atual prefeita Rosalba Ciarlini (PP) e o próprio governador Robinson Faria (PSD).

Os três juntos nunca foram capazes de fazer funcionar com dignidade e, minimamente, sequer a Rodoviária de Mossoró. Pasmem!

Outro engodo é a implantação do programa “Ronda Cidadã”.

O governo do RN não tem efetivo suficiente para garantir a segurança mínima do Estado – que bate recordes de violência, fugas, assaltos, roubos, e assassinatos. Não tem verbas e nem orçamento que possam suprir as diárias operacionais necessárias, com pagamentos em dia, aos policiais.

Não conseguiu fazer ainda funcionar regularmente o Ronda Cidadão em Natal, imaginem aqui em Mossoró, cuja segurança está entregue à própria sorte.

Tudo isso, é puro espetáculo de mídia e geração de falsas expectativas.

NA VERDADE, o governador veio a Mossoró para marcar espaço político na disputa com a prefeita Rosalba Ciarlini – na tentativa de minimizar o possível avanço do Rosalbismo ou até, quem sabe, tê-la ao seu lado no futuro (algo pouco provável – veja AQUI) na região.

Em ambos os lados, ficou evidente o foco dessa disputa: o governador Robinson Faria quer dar projeção pontual e privilegiada à primeira-dama e secretária de Estado da Sethas, Julianne Faria; e a prefeita Rosalba Ciarlini tem como prioridade política de sua gestão a promoção de sua filha e secretária do Desenvolvimento Social e Juventude, Lorena Ciarlini (veja AQUI).

Os dois estão de olho nas eleições de 2018, para elegerem suas protegidas. A largada já foi dada.

Enquanto isso, a gestão pública vai sendo tocada de forma precária, sem planejamento efetivo, eivada de enganações, mentiras e descaso com o cidadão. Infelizmente.

Mossoró tem o que merece!

SECOS & MOLHADOS

Vaias – É bem verdade que o deputado Galeno Torquato (PSD) deve muitas explicações aos seus eleitores mossoroenses. Por outro lado, não é ético que parlamentares, que se acham prejudicados com a vitória expressiva de Galeno, em Mossoró, organizem claques para o vaiarem, por ocasião da visita do ministro da Saúde ao HRTM, na última semana (veja AQUI).

Atraso – Os servidores públicos municipais, filiados ao Sindiserpum, vão realizar assembleia geral na terça-feira (17) – veja AQUI, para decidirem o que fazer diante do atraso de salário de novembro, dezembro e parte do 13º salário. Nos bastidores do sindicato, há uma indignação generalizada com a falta de informação do governo Rosalba Ciarlini (PP), a respeito do assunto, e os filiados consideram que o descaso da prefeita precisa de uma resposta rápida e eficaz.

Polo – O governador Robinson Faria anuncia a construção de mais um presídio em Mossoró. Com isso, Mossoró vai se transformando noprincipal polo prisional do Estado. A estratégia é que as prisões têm que ficar bem longe do polo turístico de Natal e também do polo industrial da Grande Natal.

Presídio Federal foi usado como bandeira de campanha de Rosalba Ciarlini; hoje, melhor o silêncio (Foto: arquivo)

Os políticos e governantes locais não reagem minimamente a isso. Talvez, porque achem que o polo prisional seja mais lucrativo do que os polos turístico e industrial. Gente que reclamou do Presídio Federal no passado, hoje se cala. Caso da hoje prefeita Rosalba Ciarlini, que na disputa do Governo Estadual em 2010, era contrária.

Chacina – A rebelião de Alcaçuz, que resultou na chacina de vários presos, é um caos anunciado. Isso é apenas a espoleta da bomba-relógio que está prestes a explodir, se não for tomada nenhuma atitude severa, eficaz e urgente por parte das autoridades competentes.

Calamidade – O que está acontecendo em Alcaçuz é a falência total do sistema penitenciário do Rio Grande do Norte. Déficit de vagas, falta de estruturas, fugas, violências, calamidade total, corrupção: esse é o cenário da realidade das prisões do RN, detectadas desde março de 2015. Quase dois anos depois, a coisa só piora. Enquanto as facções planejavam a rebelião de Alcaçuz, engodos como o “Ronda Cidadã”, em Mossoró, jogavam pelo ralo o dinheiro do contribuinte, numa jogada midiática para favorecimentos políticos futuros.

Déficit – De acordo com a Secretaria de Justiça (SEJUC), o RN possui 33 unidades prisionais, que oferecem 3.500 vagas. Tais unidades abrigam, hoje, mais de 8 mil presos. Um déficit de cerca de 4.500 vagas. Alcaçuz, que abriga mais de 1 mil presos (tem capacidade de abrigar, apenas, 620 presos), só no ano passado, registrou a fuga de 100 presos (10%).

Juros – A redução da Taxa Selic em 0,75%, pelo Banco Central, na última semana, foi motivada pelo recuo da inflação. Esta, por sua vez, foi o resultado da recessão econômica em que vive o País, sendo pressionada pelo endividamento e desemprego. Baixou a febre, mas, a taxa de juros reais do Brasil ainda é a maior do planeta.

* Veja coluna anterior clicando AQUI.

Carlos Duarte é economista, consultor Ambiental e de Negócios, além de ex-editor e diretor do jornal Página Certa

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Carlos André diz:

    Sobre a rebelião em alcaçuz tem um detalhe, na grande Natal existe um aparato maior, se ocorrer isso em Mossoró a população vai ter que fugir da cidade!!!

  2. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Em Mossoró não acontecerá uma rebelião de presos. Rebelião de presos só acontece com o presídio superlotado.
    Em qual presídio de SEGURANÇA MÁXIMA aconteceu uma rebelião de presos?
    E não acontece porque não havendo superpopulação carcerária é fácil controlar os presos.
    O Brasil precisa adotar o sistema de separar os presos por grau de periculosidade, deixando nos presídios apenas os mais perigosos e que estão com longas penas a cumprir.
    Preso condenado a menos de 4 anos tem que ser colocado em CAMPO DE CONFINAMENTO onde o custo de construção e de manutenção são menores. Feito isto os presídios desafogarão e será possível controlar os presos perigosos. Por que isto não fazem, eu não sei.
    Enquanto os presídios estiverem superlotados teremos rebeliões.
    E pensar que é tão fácil resolver este problema.
    O Dr. José Mário Dias ouviu a minha proposta de construção de CAMPOS DE CONFINAMENTO num programa na Rádio Rural, CIDADE EM DEBATE, e aprovou integralmente a ideia. Penas que nunca mais ninguém tenha voltado a levantar este assunto e nenhuma autoridade tenha tempo de ouvir esta sugestão.
    Coisas do Brasil.
    //////
    OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS NESTE TRIMESTRE?
    UM PROMOTOR ESTÁ APURANDO AS DENÚNCIAS DO EX-PROCURADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DE MOSSORÓ QUE CHAMOU DE CORJA OS VEREADORES E AFIRMOU QUE EXISTIAM ASSESSORES FANTASMAS NA CMM.

  3. Mario Cesar diz:

    Acidade de Mossoró tem potencial para atrair investidores, a mesma ladainha fica localizado entre duas
    Capitais Natal e Fortaleza, com isso, será construído em Mossoró, outro presídio estadual. O povo agradece.

  4. Marcos Ferreira diz:

    Parabéns, Carlos Duarte. Você fez um resumo perfeito (irretocável) dessa ópera bufa da política mossoroense e potiguar. Uma sucessão infindável de farsas e engodos que apenas se revezam no poder a cada quatro anos. E o povo, na sua quase totalidade, é o grande responsável por esse teatro deprimente. Salvo exceções, portanto, Mossoró e o RN têm o que merecem.

  5. joão de deus maia de oliveira diz:

    diárias, diárias e mais diárias.

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