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segunda-feira - 10/03/2014 - 08:28h
Crise

Ao enquadrar PMDB, Dilma também subjuga o Congresso

Por Fernando Rodrigues (Portal UOL)

A presidente Dilma Rousseff tem olhado as pesquisas de opinião e sabe que é bem vista pelos eleitores quando dá um “chega prá lá” no PMDB. É isso que ela está fazendo agora, anunciando que não vai ceder a uma parte da bancada peemedebista na Câmara, que deseja mais poder no governo –cargos e verbas do Orçamento.

Muitos aplaudem essa atitude de Dilma Rousseff, mas há um efeito colateral grave nesse embate. Ao esculachar o PMDB e dizer não ao maior partido brasileiro, a presidente também pratica um ato de força ao subjugar o Congresso aos desígnios do Palácio do Planalto.

Temer teve reunião à parte

Essa sobreposição entre Poderes ficou escancarada ontem, domingo (9.mar.2014). Desde a última sexta-feira (7.mar.2014), estava anunciada uma reunião entre Dilma Rousseff e a cúpula do PMDB. Participariam os seguintes peemedebistas: Michel Temer (vice-presidente da República e presidente nacional licenciado do PMDB); Renan Calheiros (presidente do Senado), Henrique Alves (presidente da Câmara) e Valdir Raupp (presidente nacional interino da legenda).

Cientes da tal reunião, a tropa peemedebista ficou em Brasília durante o fim de semana. Note-se que não se trata apenas de um grupo do PMDB. Trata-se aqui também dos dois presidentes das duas Casas do Congresso. Dilma fez com que ambos ficassem esperando pelo seu chamado no fim de semana.

Aí ocorreu algo inusitado. Durante o domingo (9.mar.2014), um funcionário do Palácio do Planalto informou a Michel Temer que o plano havia passado a ser o seguinte: uma reunião apenas com ele, Temer, no Palácio da Alvorada.

Os outros peemedebistas ficaram de castigo, do lado de fora, chupando o dedo e esperando o resultado do encontro. A espera se deu dentro do Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência da República.

Ao sair do encontro de aproximadamente duas horas com Dilma e com seu ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, o vice-presidente da República saiu resignado em direção ao Jaburu. Relatou aos colegas o novo pito que ouvira da presidente da República.

Dilma disse que não iria se submeter aos desejos fisiológicos do PMDB por cargos. Afirmou também que o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, foi muito longe ao dar seguidas entrevistas e declarações afrontando o PT e o governo. Por fim a presidente disse que o PMDB terá de aceitar as nomeações de ministros que ela própria decidir.

Mas não parou por aí. Dilma também definiu, ela própria, quando queria receber para reuniões separadas outros caciques do PMDB. Nesta segunda-feira (10.mar.2014), faria encontros diferentes com Renan Calheiros e com Henrique Alves.

De novo, vale a pena ressaltar. Dilma Rousseff não está dando ordens apenas a dirigentes do PMDB. Ela está tratando também com os dois presidentes das duas Casas do Congresso –que bovinamente aceitam a determinação palaciana de participar dessas reuniões nas quais apenas são submetidos a carraspanas por parte da chefe do Executivo.

Alguns dirão: “O PMDB fez por merecer”. É verdade. Mas neste cenário atual, os peemedebistas arrastam também o Congresso para o buraco. Ajudam a depauperar ainda mais a imagem do Legislativo.

Dilma Rousseff pode fazer isso? Como se ouve sempre, na política não existe vácuo. Que tem mais poder ocupa os espaços. Na atual conjuntura, o PMDB fracionado está dando não só um passo a mais em direção ao ocaso, mas também ajudando a desequilibrar a correlação de forças entre dois Poderes da República.

Haverá consequências, claro. Quais, ninguém sabe ao certo.

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Categoria(s): Opinião / Política

Comentários

  1. naide maria rosado de souza diz:

    Autoritária, Dilma. O resultado disso poderá não ser o esperado por ela.
    Nada a ver, mas ultimamente as fotos de Temer aparecem caprichadas. Tem feito pose, me parece.

  2. Carlos André diz:

    Se o PMDB bobear vai ficar é sem nada, o PT ta sabendo muito bem fazer escadinha nas costas do PMDB, acho é pouco, quem manda os mesmos só pensarem em fazer politica na lógica da vantagem!

  3. Pedro Victor diz:

    Infelizmente o PMDB ainda tem força. Com toda certeza, o maior problema do Brasil é o PMDB, que não tem ideologia alguma e é movido apenas pela ânsia de poder. Partido que não é de esquerda, direita ou traseira. É uma agremiação de pessoas à procura de poder.

  4. Gilberto Martins diz:

    Na verdade a rebeldia de parte do PMDB não ocorre somente em busca de mais espaço no governo, parte dos Deputados do PMDB somados um bloco de pequenos partidos denominados “blocão” estão estrebuchando para não serem engolidos pelo gana do PT nacional que estabeleceu como meta eleger 130 Deputados Federais no pleito de 2014. Para o PT alcançar a sua meta, sabe-se que o PMDB e os demais partidos da base deverão sofrer uma redução drástica em seus quadros. É contra a meta petista que muitos estão lutando.

  5. Geraldo Fagundes diz:

    Mesmo fazendo fotos caprichadas, o vice presidente ainda parece muito com mordomo de casa de vampiro.

  6. Ciro de Medeiros Leite diz:

    Uma coisa engraçada: se Dilma se acertar com o PMDB dirão que estara se rendendo ao fisiologismo para poder ganhar a eleição. Se endurecer diz-se que esta subjugando o congresso. E ai????

  7. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Por falar em Congresso, quem riu muito hoje não foi o Zé Ruela.
    Vendo a TV Senado, TV que nós pagamos para manter no ar e servir de palanque para os senadores, aparece um locutor muito sério a dizer:
    VOCÊ TEM DIREITO DE SABER O QUE É FEITO DO DINHEIRO DOS IMPOSTOS QUE VOCÊ PAGA.
    EXISTEM LEIS QUE GARANTEM A TODOS OS BRASILEIROS SABER EM QUE O DINHEIRO FOI GASTO.
    kkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Existem leis?
    Existem?
    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
    Quero ver em Mossoró uma lei que obrigue o prefeito provisório, prefeito que está indiciado em vários artigos do Código Penal em inquérito que a Polícia Federal realiza, a mostrar o que comprou de MATERIAL DE LIMPEZA e de GÊNEROS ALIMENTÍCIOS quando presidente da CMM.
    Nestas compras foram gastos quase 150 mil reais e até hoje não sabemos se foram compradas mil vassouras e dois mil rodos, ou se foram dois mil rodos e mil vassouras. Muito menos sabemos se foram comprados camarões, lagostas, etc.
    Por que a relação destas compras não é mostrada?
    Quem recebeu estas mercadorias?
    Na Câmara Municipal de Mossoró não funciona nenhum restaurante.
    Quase 50 mil reais de MATERIAL DE LIMPEZA para uma Câmara Municipal é um absurdo.
    Mas estamos em Mossoró.
    E em Mossoró tudo acontece.
    MENOS A LEI SER CUMPRIDA.
    ////
    O QUE MAIS EXISTE NAS CIDADES BRASILEIRAS É A CORRUPÇÃO DOS PREFEITOS E A MISÉRIA DO POVO.
    Inácio Augusto de Almeida

  8. fernando ff diz:

    PT X PMDB, BRIGA DE QUUDRILHA.

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