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domingo - 19/02/2017 - 05:58h

Aperte o cinto porque o emprego sumiu

Por Gutemberg Dias

Nessa última semana, vendo uma matéria na mídia televisiva falando sobre o desemprego no Brasil, me deu um estalo e resolvi pesquisar sobre os dados de Mossoró diretamente no CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e, na sequência, escrever esse artigo.

A procura na rede é muito simples, o que demora é juntar as informações nas diversas planilhas que o site nos oferece e, consequentemente, montar a sua planilha de trabalho com as informações que você pretende gerar. Num escala de dificuldade (0-10) posso afirmar que não passa de quatro.

Mas, vamos ao que interessa.

Inicialmente foi levantada a série histórica do saldo de emprego dos últimos 10 (dez) anos, ou seja, de 2007 a 2016. O número absoluto é positivo, Mossoró nesses dez anos teve um saldo de 12.127 postos de trabalho. Infelizmente quando se compara os números ano a ano, observa-se que a curva estatística é decrescente e com padrão acentuado, conforme se observa no gráfico 1.

A grosso modo, analisando o gráfico, vê-se que de 2007 a 2016 a tendência sempre foi de declínio, com exceção do ano 2010, quando a cidade teve resultado bastante positivo, corroborado com um saldo de 5.104 postos de trabalho. Podemos dizer que 2010 foi o ponto fora da curva.

Os anos seguintes se mostraram com uma relação de declínio, tendo uma ou outra variação pequena para cima.

Ainda, trabalhando os números, fiz um levantamento específico do cenário de empregos em Mossoró no ano 2016. O resultado apresentado pelo Caged para esse ano correspondeu a uma perda de 3.070 postos de trabalho.

Se comparado ao ano anterior (2015) houve um aumento de 59,55% na perda de postos de trabalho (gráfico 2).

Mirando a lupa, especificamente, para o que aconteceu durante o ano de 2016, observa-se que janeiro já começou com saldo negativo (-80 postos), tendo o maior pico negativo em fevereiro (-1.122 postos), daí mostrando uma redução na relação.

O fato interessante é que entre os meses de julho e setembro o saldo foi positivo. O mês de agosto apresentou um saldo de 1135 postos, ou seja, podemos dizer que agosto anulou o mês de fevereiro. Porém, a partir de outubro o saldo passou a ser negativo.

Com os dados apresentados se observa uma nítida tendência de aumento de perda de postos de trabalho para o ano de 2017, bem como, devido a intensidade da curva, infere-se que a retomada para saldo positivos não ocorrerá a curto prazo, principalmente, quando se analisa em conjunto com o cenário nacional.

É importante destacar que comparado o resultado dos entes federativos no ano de 2016, Mossoró ficou com percentual de retração maior que a media estadual (-4,36) e nacional (-3,33%), espalmando o percentual de -5,31%. Esses números mostram que o ano de 2016 não foi para emprego na capital do Oeste Potiguar.

A partir da análise desses números se faz necessário pensar em algumas alternativas com foco na geração de emprego, principalmente, no que tange aos empregos de maior perenidade, haja vista, que os empregos temporários não contribuem para reversão do quadro. Vale destacar que nos dois últimos anos os meses que empregam o maior número de temporários não teve resultado positivo.

Um caminho que vislumbro a curto e médio prazo, para reversão do atual cenário de perda de postos de trabalho, passa pela união de todos os segmentos produtivos e o setor público, na perspectiva de lutar pela revitalização da cadeia de petróleo e gás. Precisamos focar em oportunidades no segmento de energias renováveis, criar efetivamente as condições ideais para a efetivação do distrito industrial e, sobremaneira, reativar o setor da construção civil que historicamente é responsável pelas maiores perdas na variação relativa.

É bom lembrar que grande parte das obras de infraestrutura do município e, também, do estado e união, encontra-se em letargia ou paralisadas. Com isso quero dizer, que os entes federativos têm um papel importante nessa perspectiva de retomada do emprego aqui em Mossoró e no resto do Brasil.

Gutemberg Dias é geógrafo, ex-candidato a prefeito de Mossoró (2016) e presidente da Redepetro RN

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Categoria(s): Administração Pública / Artigo / Economia

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