• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 08/05/2011 - 10:10h

Assim na terra como no céu


A guerra fria que litigou durante décadas os Estados Unidos e a extinta União Soviética, alimentando crescente rivalidade entre as ideologias capitalista e comunista, já não existe mais. É passado para ser contado em livros, filmes e nas escolas.

Mas nem por isso deixamos de testemunhar, até hoje, incessante corrida armamentista, rompantes de fúria e ameaças veladas  entre estados e grupos terroristas. A barbárie continua em escaramuças ou na prática.

Em meio à perene insanidade, há alguns anos um caso em especial me despertou atenção: os Estados Unidos anunciavam com pompa o lançamento da chamada Moab (Massive Ordnance Air Blast Bomb), uma bomba de 9,8 toneladas guiada por satélite.

Sabe qual o apelido da bichinha? "Mãe-de-todas-as-bombas".

O artefato é considerado a mais poderosa bomba não-nuclear que se conhece. Devastadora. Capaz de matar em escala industrial, além de gerar grande destruíção estrutural.

Perguntei-me, de imediato: como alguém pode conceber algo com essa força letal e ainda lhe dar a caliente e doce denominação de "mãe?

Uma mãe que mata, fere, destrói? Uma mãe que provoca a orfandade de milhares de crianças? Mãe que aniquila mãe de carne, osso e sentimentos?

E o que dizer do batismo do bombardeiro B-29, aeronave que levou a bomba atômica que arrasou Hiroshima (Japão) no dia 6 de agosto de 1945?

O coronel Paul Tibbets, então com 30 anos, piloto desse quadrimotor – que em suas entranhas carregava o apocalíptico explosivo – batizou sua máquina voadora com o nome de sua própria mãe: "Enola Gay". Teve o requinte de escrevê-lo na própria fuselagem do avião.

Homenagem ou insulto?

Mãe solteira;
Mãe de primeira viagem;
Mãe de prole numerosa;
Mãe-de-santo;
Mãe-avó;
Mãe natureza;
Mãe chata (só se for a dos outros);
Mãe d´água;
Mãe adotiva;
Mãe-de-leite;
Mãe de Cristo;
Mãe de Judas;
Mãe de barriga de aluguel
Mãe-sogra, que virou uma segunda mãe;
Mãe que ficou para "titia";
Mãe pobre;
Mãe rica;
Mãe que chora;
Mãe que ri;
Mãe dos meus amigos;
Mãe dos que me fazem o mal;
Mãe anônima;
Mãe que nunca será mãe;
Mãe bonita;

Mãe feia. Feia? Não, não conheço;
Mães dos meus filhos;
Mãe dos que virão.

Mãe, lírica e mítica como no poema de Drummond, é eterna. "É luz que não apaga":

(…) Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho
.

À minha mãe:

(…) Me dê a mão
Cuida do meu coração

Da minha vida, do meu destino
Do meu caminho
Cuida de mim…

Assim na terra como no céu.

Amém!
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Categoria(s): Nair Mesquita

Comentários

  1. Marcellus Luiz diz:

    Amor sincero e verdadeiro, na alegria e na tristeza, na riqueza e pobreza, na saúde e doença!!! Só o amor de MÃE.

  2. Gilmar diz:

    aonde nos conduzirá tal processo evolutivo??

    Quanto aas maes, estas sempre serao maes todos os dias. Todos os dias sao especias porque elas sao especiais.
    Parabéns aa comunidade Shalon por prestarem homenagens aas mães e aas mulheres. É pena que muitos só reverenciam suas mães depois que elas não mais necessitam do valor do calor de um afeto. Talvez muitos usem essa data tão significativa para fazer média e com isso se auto-promoverem, fingindo sentimentos a terceiros. Assim sobrevivem os hipócritas, sempre fingindo diálogo com a segunda pessoa do singular (tu, você) para ganharam aprovação social que são as terceiras pessoas do plural (elas/eles).

  3. Rosemberg Estevão diz:

    Você fez o velho capitão chorar… parabéns pela crôonica!! Feliz Dia das Mães!

  4. itamar de sousa diz:

    “A mulher nasce mulher,mas so e mae quando nasce com seu filho.”

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