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domingo - 11/06/2017 - 05:10h

E pensar que um dia o povo “falou” por ele

Por Bruno Barreto

O ano é 1998. Henrique Alves enfrentava graves problemas vocais e estava impedido de falar após se submeter a um tratamento no exterior.

Como fazer um candidato ser reeleito sem proferir um único discurso? Nada que um marketing não resolva. O slogan era tão óbvio quanto o peso de uma máquina azeitada graças à venda da Cosern no final do primeiro governo Garibaldi Filho: “O povo fala por ele”.

Não deu outra!

Henrique Alves foi o deputado federal mais votado com 163.572 sufrágios, 60 mil a mais que o segundo colocado Iberê Ferreira de Souza. A força monetária fez o povo colocar no Congresso Nacional pela oitava vez um político que nunca falou por ele. Muito pelo contrário, era famoso por ser o deputado “Copa do Mundo”.

O agora detento Henrique Alves teve uma carreira política de altos e baixos. Depois de 1998 foi eleito mais três vezes se tornando um recordista de passagens pela Câmara dos Deputados com 11 mandatos.

Em 1988 e 1992 perdeu a Prefeitura de Natal. Na primeira dispunha das máquinas municipal, estadual e federal, mas acabou perdendo para Wilma que na época ainda usava o sobrenome Maia. Quatro anos depois saiu da condição de favorito pela estrutura e ausência de adversários fortes para a de derrotado por incríveis 961 votos para um desconhecido Aldo Tinôco.

Mas o sonho de Henrique era ser governador do Estado. As condições para isso só surgiram após se tornar presidente da Câmara dos Deputados, sentar interinamente na cadeira de presidente da República e juntar muita grana.

Ele já havia se engraçado com o cargo em 2002, mas deu um passo maior para ser vice na chapa de José Serra (PSDB) e terminou tombando após Mônica Azambuja emergir da condição de esposa traída para a de delatora. Uma capa de Revista escancarando uma conta secreta fez Henrique às pressas, e com voz, ser eleito deputado mais uma vez.

Para ser governador Henrique juntou gatos, cachorros e ratos (verdadeiras ratazanas) em seu palanque. O roteiro era perfeito: o único adversário, Robinson Faria, por pouco não esteve no palanque dele e montou uma frágil aliança com o PT. Aliança que provocava escárnio dos adversários, saiu das anedotas ao êxito nas urnas.

Graças ao apoio de Henrique Alves que, segundo Ministério Público e Polícia Federal, bancou várias candidaturas com doações oficiais e caixa dois, a propina abasteceu várias campanhas no violentado elefante.

Só na base henriquista foram eleitos 18 estaduais das 24 vagas em jogo e mais seis federais das oito cadeiras disponíveis ao Rio Grande do Norte.

Nunca um político uniu tantos desafetos em um palanque. Nunca um político teve tanto apoio numa campanha. Mesmo assim ele perdeu o pleito porque o povo não quis.

Henrique hoje está preso para vergonha do um Estado que ele diz ter representado, mas na verdade nunca deu a mínima.

Pensar que um dia o povo “falou” por ele…

Bruno Barreto é jornalista

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Finalmente, ele vai ou não vai para Brasília?
    Continuará desfrutando de ar condicionado, alimentação de primeira, segurança, TV, jornais e revistas?
    Quem está pagando todo este luxo para um detento?
    O RN declarou estado de CALAMIDADE PÚBLICA NA SAÚDE e solicitou recursos da ordem de R$ 50.000,00 do governo federal. Como o RN dispensar tratamento VIP a um detento?
    //////
    OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS QUANDO?

  2. Lair solano vale diz:

    Precisamos afastar da política os maus políticos, entre eles, ALVES E MAIA. Renovar é preciso. Continua existindo BONS políticos. A população precisa saber do passado dos candidatos e não VENDER o seu voto. Temos dois bons nomes para o SENADO: TIÃO COUTO E ZENAIDE Esposa de Jaime “falador”. Para Governador ainda não tenho certeza. Para Estadual tem ótimos nomes entre os atuais e os novos que irão aparecer.

  3. fernando diz:

    Eu vou de Ney Lopes e Zenaide, no PSDB já mais. E os Rosados vão escapar.? Fora Rosados Alves e Maia.

  4. Elves Alves diz:

    Zenaide MAIA, saibam os incautos, é irmã do lobista (mas diz-se ’empresário’) e ex-deputado federal João MAIA – que foi o principal auxiliar da ex-ministra Zélia Cardoso no famigerado plano de sequestro da poupança do povo brasileiro, durante o governo Collor.
    Mais: Zenaide e João são irmãos de Agaciel MAIA, que tornou-se deputado distrital em Brasília com o único propósito de blindar-se com imunidade parlamentar e foro privilegiado, ante supostos desmazelos por ele cometidos na direção-geral do Senado Federal, onde foi mantido durante longos anos como ‘homem de confiança’ de José Sarney.
    Quanto a Jaime Calado, ex-prefeito de São Gonçalo do Amarante, sua folha corrida como ex-diretor da extinta Fundação Sesp, bem como o célebre ‘escândalo do frango’ na Frigonat, falam por si – e falam alto.

  5. João Claudio diz:

    Se colocarem todos em liquidificador, o resultado final é aquilo que o gato enterra.

    Xô todos. Xô!

  6. Rita diz:

    EU PREFIRO NÃO VOTAR EM EMPRESÁRIO….A VIDA DOS POLÍTICOS É EXPOSTA DIARIAMENTE, SABEMOS TUDO DELES. A VIDA DOS EMPRESÁRIOS É PROTEGIDA PORQUE VENDEM UMA FALSA IMAGEM, PORTANTO UMA INCÓGNITA.

  7. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Salvo raríssimas e nobílissimas exceções, tem muita incógnita não , viu Rita…!!!

    O lamaçal ético/moral, e por coseguinte a corrupção que se espraia em todas as dioreções e sguimetnos da dita sociedade brasileira. tenha certeza, desse lamaçal, jamis escaparam os empresários, diletos amigos financiadores mor das campanhas eleitorais, e irmãos siameses do poder judciario de todas as horas. Onde na verdade verdadeira, onde se carimba e ao fim e ao cabo se decide tudo e se legitima tudo pro bem e pro mal, seja nos períodos de chumdo e sombrais liberdades civis e (ou) nos raros períodos em que o oxigênio da democracia, eventualmente, possa dar as caras.

    A Visão servilista, entreguista e escravocrata encravada no pensamento médio do empresariado brasileiro, bem nos fala e diz claramente, o quanto somos atrasados, não obstante, da boca pra fora sejam eles (EM TESE) todos liberais.

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO
    OAB/RN. 7318.

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