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domingo - 10/09/2017 - 11:03h

Fatos forjados na história de Mossoró

Por Marcos Pinto

Tenho encontrado, não raros fatos, descritos por alguns historiadores e pesquisadores desta “Província” (Mossoró) completamente divorciados da realidade geradora da história. Em uns percebe-se a intenção deliberada de ocultar algum libelo ou vício que recai sobre um protagonista, em outros a evidência em proteger algum parente ou amigo, arrolados pela prática de não heroico nunca praticado.

Cito como exemplo a versão criada pelo clã Rosado e remuneradamente adotada por Câmara Cascudo, Edgar Barbosa e Raimundo Nonato da Silva, de que a viagem em que perecera Dix-sept Rosado tinha como objetivo ultimar empréstimo de trinta milhões de cruzeiros com os quais ampliaria os serviços de abastecimento d`água de Natal, Mossoró e Caicó.

O renomado João Maria Furtado, em sua inexpugnável obra intitulada “Vertentes”, publicada no Rio de Janeiro em 1976, pela gráfica Olímpica, contesta esta deslavada versão com argumentos eivados de rasgos de veracidade, cuja tese contestatória consta no livro “A(Re)Invenção do Lugar – Os Rosados e o País de Mossoró” do Prof. Dr. José Lacerda Alves Felipe, com o seguinte teor:

“Outras vozes davam objetivo diferente e menos mitológico à referida viagem, pois seu sentido real, estava relacionado à resolução de problemas criados com a partilha dos cargos estaduais entre lideranças e os partidos que elegeram Dix-Sept e que compuseram, portanto, a “Aliança Democrática” na qual Café Filho, julgando-se Presidente da República, nomeara apenas seus correligionários para os cargos federais do Estado”.

Em que pese os relevantes serviços prestados à cultura, pelo prof. Vingt-un Rosado, observa-se a intenção deste em fixar o falecido irmão Dix-Sept como herói cívico, como mártir que se sacrificou pela resolução do problema de água em Mossoró e no RN, afirmando que a “água era a própria história dos Rosados a começar do velho patriarca” (vide livro de sua autoria “O protocolo de Mossoró; …Coleção Mossoroense – 1998) ”.

Quando Vingt Rosado foi eleito prefeito de Mossoró em 1952 teve como uma das primeiras metas adotadas, a contratação dos historiadores Câmara Cascudo e Edgar Barbosa para, sob o “incentivo” de larga remuneração, utilizarem seus conhecidos naipes literários para traçarem uma espécie de culto à personalidade, atribuindo conotações heroico/históricas às pessoas de Jerônimo Rosado, Dix-sept Rosado e Ana Floriano, respectivamente pai e irmão de Vingt, e bisavó paterna da esposa de Vingt.

Assiste razão a Juarez Távora quando afirma que “O memorialista conta o que quer, o historiador deve contar o que sabe”.

A história deve ser contada a partir de documentos oficiais, e estes sepultam definitivamente a versão de que Ana Floriano comandou o famoso Motim das Mulheres. Senão vejamos. Em oficio datado de 4 de setembro de 1875, o então Juiz de Direito de Mossoró, Bel. José Antônio Rodrigues, comunica ao Presidente da Província do RN, dentre outros itens:

– “Presenciaria esta cidade a farsa mais ridícula de um grupo de 50 a 100 mulheres mal-aconselhadas por seus maridos e parentes, e capitaneadas por D. Maria Filgueira, mulher de Antônio Filgueira Secundes, D. Joaquina de Tal, mulher do camarista Silvério Ciriaco de Souza e D. Ana de Tal, mãe de Jeremias da Rocha Nogueira… (Vide livro “Escócia – 2ª Edição pag. 130:133 – Coleção Mossoroense – Vol. 989). D. Maria Filgueira era a mãe do Major Romão Filgueira.

O pesquisador historiador Lauro da Escócia fez, ainda os seguintes insertos históricos inexplicáveis:

– “Que o Motim das Mulheres” era composto por cerca de 300 mulheres, que Ana Floriano se armara com um espeto de ferro e postara-se na Agencia Consular Portuguesa em Mossoró, em uma escada defendendo o filho Jeremias José Damião e Ricardo Vieira do Couto, no atentado praticado por Rafael Arcanjo da Fonseca e outros, no dia 1º de janeiro de 1875. Que Ana teria dito: “quem subir a escada morre na ponta deste espeto”.

Vejamos o que diz o sobrinho-neto de Lauro, o jornalista Cid Augusto, em seu livro acima citado – pag. 153: “Contrariando a versão mencionada anteriormente, Jeremias presta, em seu texto, solidariedade a José Damião e ao Agente Consular Frederico Antônio Carvalho, o que pode significar que ele e Ricardo Vieira do Couto não estavam presentes no local do acontecimento, a Agência Consular Portuguesa. Em momento algum, Jeremias se refere a Ana Floriano”.

Jeremias faleceu em 1881.

Há que ressaltar que o próprio Cid Augusto, homem de reconhecido talento literário, procura, de forma incontida e insubsistente, infundir a ideia  de que Jeremias da Rocha Nogueira (seu ascendente) encarnaria a ideia abolicionista.

Todos os documentos são unânimes na configuração de que Mossoró teve desencadeado o movimento libertário somente em janeiro de 1883, culminando em 30 de setembro do mesmo ano. O resto é coisa para ser contada no “arco da velha” ou na “Povoa do Varzim”.

Inté!

Marcos Pinto é advogado e escritor

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. João Claudio diz:

    ”Mossoró foi a PRIMEIRA cidade do brasil a libertar os seus escravos.”

    Durante década, essa mentira cabeluda foi repassada a todos os alunos de escolas publicas e provadas, e ao povo em geral.

    Ainda hoje há quem acredite.

    Mas afinal, quem é o PAI ou a MÃE dessa grande mentira?

  2. Alberto diz:

    Em resumo, segundo o articulista, Câmara Cascudo é um embusteiro, que contou a história segundo a versão dos seus contratantes. Interessante. Não era essa a minha percepção sobre esse que talvez seja o intelectual potiguar mais festejado no Brasil. O homem é uma farsa. Vivendo a aprendendo. Agradeço pela pesquisa e divulgação.

  3. naide maria rosado de souza diz:

    Ah! Essas revelações são fragílimas para o passado e o futuro de Mossoró. Fato é que morreu o governador de nosso estado. Vasculhar o que fazia na aeronave é, a meu ver, despropósito. Sobrinha de Dix-Sept Rosado, jamais procurei saber motivo de sua viagem. Nada é mais dramático e irreversível do que a morte.
    Pelo estardalhaço do autor do Artigo, julguei que ele iria dizer que Dix-Sept Rosado tinha o propósito de vender o RN.
    Com que facilidade também afirma o régio pagamento a Câmara Cascudo e Edgar Barbosa. Tem os recibos, meu caro? Que afirmação perigosa, se não comprovada!
    Não tente trazer nuvens à nossa primazia abolicionista. Tenha partido de A ou B.
    Vivemos um momento desgraçado na política local e nacional.Os nomes citados em seu Artigo estão completamente fora desse panorama. Glória, Senhor! Houve época em que os homens eram íntegros e não massacraram nosso país com o roubo e a ganância.
    Mude seu foco, advogado, ele se afoga na lama em que vivemos. É natimorto.

  4. Francisco das Chagas Veras Leite diz:

    A Verdade prevalecerá. A estória desse clã é uma piada. A única verdade é que irricaram em Mossoró. Fuçando, outras verdades aparecem.

  5. Marcos Pinto. diz:

    Veja Naide Rosado, não podemos prescindir do fato de que a história tem que ser contada minuciosamente em consonância com os fatos que a geraram, e não forjada sob farto pagamento do erário publico municipal, como é o caso de Mossoró. Leia o citado livro do Prof. Lacerda, no qual ele mostra que os ROSADUS reinventaram Mossoró, como se o município e a cidade só tivesse passado a existir a partir do clâ Jerônimo Rosado, que só foi Presidente da Intendência (Prefeito) no período 1917-1919), perdendo o poder de mando para os FERNANDES. Inteligentemente, o velho Rosado casou duas filhas com o todo poderoso Aldo Fernandes Raposo de Melo, casamento duplicado pelo fato do mesmo ter enviuvado e casado com uma cunhada. Veja que os Rosadus foram tirados do ostracismo em 1946, quando o então Secretário-Geral e governador de fato Aldo Fernandes, lançou Dix-Huit para Deputado Estadual, elegendo-o com as benesses da máquina administrativa estadual, e em 1948 lançou Dix-Sept a prefeito de Mossoró, tendo o primo Jorge Pinto como Vice. O velho Rosado foi por demais inteligente, fazendo valer a máxima: Se não podes vencer o adversário, alie-se a eles. Foi assim como velho Jeronimo Rosado em relação aos Fernandes, que o desalojaram do poder de mando em 1919. Alguém em sã consciência vai acreditar que o vaidoso historiador Câmara Cascudo viria passar vários dias aboletado no melhor hotel da cidade se não estivesse devidamente respaldado por pomposo e antecipado pagamento para contar a história exatamente do jeito que está contada, massageando o ego do Clá Rosadus ?. A propósito, acerca dos recibos sobre o pagamento remuneratório aos celebrados historiadores Câmara Cascudo, Edgar Barbosa e Raimundo Nonato, se os seus tios Vingt e seu pai Dix-Huit não tiverem dado o “programado” sumiço nos tais recibos, com certeza devem constar do arquivo morto do município. Foi bom você lembrar, pois vou fazer umas pesquisas no tal arquivo morto objetivando encontrá-los. Isto é, se a filhota da ditadura militar Rosalba ROSADUS já não tiver dado ordens para o meu não acesso a tais documentos, o que não me inibirá de ir a justiça requerendo a tutela para a pesquisa histórica. Interessante é que o velho alcaide se jactava de/em ser amigo pessoal do Presidente João Goulart, com o qual visitou a China, e no entanto, mesmo investido do cargo de Senador foi render glórias à Ditadura Militar, negando, inclusive, ser amigo pessoal de Jango. Aguarde que tenho novos dados dispersos e diversos da história que não foi contada, e que vou trazer à tona, com vasto referencial documentário. Quanto a situação pela qual passa o país, o seu primo Beto Rosado tem sido o mais leal e carniceiro participante do butim que está sendo capitaneado por Temer et caterva. Saudações com DNA da história mossoroense.

  6. Marcos Pinto. diz:

    Ademais, Naide Maria, o governador que mais perseguiu o funcionalismo público foi exatamente o seu tio Dix-Sept Rosado. Você sabe que Izinha Negócio, então Secretária particular de Mário Negócio e irmã do todo poderoso Secretário-Chefe do Gabinete Civil do governo Dix-Sept Mário Negócio, jactava-se em público e perante adversários políticos, juntamente com o irmão Mário, de que estava com o braço doído de tanto assinar demissões de pobres professoras e outros funcionários, pais de famílias, pelo simples fato de terem votado em candidato adversário, como se o funcionário público tivesse a obrigação de votar em Dix-Sept para o governo do estado. Você sabe, ainda, que Dix-Sept só foi candidato graças a engenharia do então Deputado Estadual Dix-Huit Rosado(1946-1950) que andou disseminando cizânia nas hostes governistas, exatamente para criar um clima de dissensões, facilitando assim a ascensão do irmão. a minha mãe residia em Martins-RN já com a idade de 15 anos, (Dix-Sept era o governador) quando presenciou cena triste e deprimente, ao ver, exatamente no dia 10 de Julho de 1951, uma professorinha do primário receber um telegrama comuncando-a de que fora transferida para Ceará-Mirim-RN. Diante tão contundente e fulminante notícia, a professorinha caiu em prantos, observando que dava o dito emprego como perdido, pois com o pífio salário não tinha como efetuar mudança e se manter com a família em terras distantes do seu torrão natal Dito isto, ajoelhou-se e pediu a DEUS que fizesse justiça. Dois dia após, Dix-Sept pereceu em acidente aéreo no Rio do sal, em Sergipe. Em apenas cinco meses como governador, Dix-Sept demitira metade dos funcionários do estado do RN. Mistérios divinos.

  7. Marcos Pinto. diz:

    Em adendo a segunda postagem. Izinha Negócio foi Secretário particular do então governador Dix-Sept Rosado, e não do seu irmão Mário Negócio.

  8. naide maria rosado de souza diz:

    Marcos Pintus. Você está imbuído na Síndrome da Delação Premiada. Quer fazer a sua para destaque. Muito bem, faça -a.
    Delação Tupiniquim de Marcos Pintus.
    Mando-a para o “Fantástico!”
    Não me toque acusando o meu pai e meu padrinho de terem rasgado recibos. Prove.
    A partir de agora, receba o silêncio do bosque…não vou lhe dar trelas para envaidecer seu ego delator.

  9. João Claudio diz:

    ”’Pintus”??????

    Jeeeeeeeeeeeeeesus…..

    Calma! Essa chama ardente estava prestes a queimar alguém a qualquer momento. Portanto, já era esperado por todos.

    Aff! Relaxem e gozem.

  10. naide maria rosado de souza diz:

    Apesar do Silêncio do Bosque, preciso voltar. O adendo está insuportável.
    Marcos Pintus em nenhum momento afirma nada. Supõe, imagina que o escritor reverenciado em todo o nordeste tenha sido pago pelo erário público. Ele ainda vai buscar as provas, que diz terem sido rasgadas por Padrinho Vingt e por 18 Rosado. Vai buscar o quê, se foram destruídas ? Acrescenta a atual prefeita ao grupo maquiavélico, dizendo que ela deve estar tentando impedir-lhe o acesso às mesmas.
    O velho alcaide enfrentou um Tribunal Militar, a pedido de Sobral Pinto. Defendeu a Missão Comercial chinesa no peito e na raça. Como ousa dizer que ele se esquivou diante do regime militar, negando conhecer Jango, estando os dois na mesma viagem?
    Certo é que foi preterido na escolha para o governo do estado por essa mancha comunista que tentaram lhe imputar.
    Certo é, também, que o próprio governo militar correu atrás de meu Serra Grande. Correu para lhe pedir ajuda, dirigindo o INDA e criando INCRA porque ele era, simplesmente, o melhor, o mais capaz. VI, com meus próprios olhos, 18 Rosado levar a eletrificação rural pelo Brasil todo.Ouvi, com meus ouvidos, ninguém me contou, o Gal. Medici dizer: “viajar com o seu pai é ter a certeza de encontrar obras prontas. É um gigante.”
    18 não se rendeu ao militarismo. O militarismo rendeu-se a ele.
    Estou afirmando! Os chineses desembarcaram no Brasil trazendo fotos minhas dançando ballet. Era ainda menina quando apresentei um simples número de dança, boas-vindas, na primeira viagem que eles fizeram ao nosso país. Essas fotos, Marcos Pintus, foram parar naquele Tribunal Militar que mencionei antes.
    Encerrando, chego ao ponto primordial.
    Então, a professorinha demitida “ajoelhou-se e pediu a DEUS que fizesse justiça.” Diante de tal pedido, veio a resposta em “Mistérios divinos.” Deus fez com que, em dois dias, o avião em que meu Tio Dix-Sept viajava, caísse matando-o e ao médico que o acompanhava na viagem. Não tenho informações sobre o acidente.
    Pelo relato de Marcos Pintus, o pedido macabro da professorinha, classificado por ele como ” Mistérios divinos”, ceifou a vida do Governador e de um médico.
    Deus cruel, nada parecido com o Deus da misericórdia, do perdão e do amor.
    A ser assim tão mau, melhor acreditarmos que Ele não existe.

  11. naide maria rosado de souza diz:

    Era para eu ficar calada, mas li:
    “O que não dizemos não morre, nos mata. “

  12. Sergio Augusto diz:

    Forjar a história é a sina dos políticos megalomaníacos. Veja Lula, que agora percorre o país fingindo não ter estado no centro de um máquina gigantesca de corrupção que sangrou o país, máquina esta que, se não o fez milionário (será que não?) permitiu que ele se mantivesse no poder e elegesse e reelegesse a sucessora desastrada que nos colocou nesta situação calamitosa. E veja que Forjar a História é um artifício tão eficiente que talvez o homem até volte ano que vem. A História, Marcos Pinto, é algum lugar desconhecido entre o que o senhor e Sra. Naide contam.

  13. naide maria rosado de souza diz:

    Sr.Sérgio Augusto. O que contei , não é suposição, imaginação
    ou algo que tenha ouvido dizer. É a verdade. Presenciei.
    Foi bom o Sr. ter falado, preciso consertar algo.
    Se a minha fé em Deus, um dia for abalada, que seja por mim mesmo, não por terceiros.
    Preciso Dele.

  14. Glaucio da fonseca diz:

    Registro aqui minha observação sobre meu tataravô : Rafael arcanjo da Fonseca, conservador , deputado provincial, capitão da guarda nacional, botou a correr a corja de bandidos do jornal o mossoroense, fabricante de mentiras e calunias. , incluindo o Jeremias da rocha.

  15. glauciofernandezda fonseca diz:

    Não preciso de mais provas, quem rasga recibos, apoia a ditadura , mente escancaradamente sobre o pixuim das 30 mulheres. Que serviço faria a mossoró se o capitaõ rafael arcanjo da fonseca , exterminasse essa corja de porcos, mentirosos, que pagam para escreverem oque lhes aprouver. jeremias, lauro escóssia , folgados,

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