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terça-feira - 22/11/2016 - 09:28h
1940

Itep do RN localiza processo contra Lampião e seu bando

Do portal G1

Em meio a arquivos centenários do que hoje é o Instituto Técnico de Perícia do Rio Grande do Norte (Itep), se esconde a história da polícia técnica do estado. Em uma sala prestes a ser desativada, foi encontrado um prontuário datado de 29 de abril de 1940, cujo primeiro nome chama atenção: Virgolino Ferreira, vulgo ‘Lampião’.

Agora, o chefe de gabinete do Itep, Tiago Tadeu, quer que o documento se transforme em peça de museu. “Vai ajudar a contar não apenas a história forense em nosso estado, mas do próprio instituto”, ressaltou.

Prontuário lista nomes dos 55 cangaceiros do bando (Foto: Andrea Tavares/G1)

“Foram fotos antigas que começaram a despertar curiosidade aqui”, conta Tadeu. Antigas fotos do prédio, câmeras que registraram locais de crimes, fichas de identificação, máquinas de datilografia também farão parte do acervo do museu, que ainda não tem data de inauguração nem local definido.

O objetivo, no entanto, é claro: “preservar a história da instituição e possibilitar a divulgação do importante acervo documental que foi produzido ao longo deste período, como o documento que cita o mais famoso cangaceiro da história”, explica o diretor geral do órgão, o perito Marcos Guimarães Brandão.

Lampião

A passagem do ‘rei do cangaço’ pelo Rio Grande do Norte foi meteórica, tanto na rapidez quanto na devastação. “Ele passou 96 horas no estado, e por onde passou só deixou desgraça”, conta o coronel da PM aposentado Ângelo Dantas, que também é pesquisador. A história já é conhecida: em 1927, Lampião e seu bando foram rechaçados pelos habitantes de Mossoró, cidade da região Oeste potiguar, que, liderados pelo então prefeito Rodolfo Fernandes, defenderam a cidade.

Após a passagem dos cangaceiros, segundo o pesquisador Rostand Medeiros, foram abertos três processos contra Lampião e seu bando. “São de onde o bando deixou rastros. Em Martins, Pau dos Ferros e Mossoró”, destaca.

Tiago Tadeu, chefe de gabinete do Itep (Foto: Andrea Tavares/G1)

O documento achado no arquivo do Itep, em Natal, é uma lauda escrita à fina caligrafia onde constam os nomes dos 55 criminosos mais temidos do sertão nordestino.

Ao final, a informação de que os homens citados são enquadrados nos artigos 294 (Matar alguém) e 356 (Subtrahir, para si ou para outrem, cousa alheia movel, fazendo violencia á pessoa ou empregando força contra a cousa”, como consta no Código Penal dos Estados Unidos do Brasil de 1890).

Digitalização

“Pouco se sabe sobre esse documento, mas tem ligação com o processo da comarca de Pau dos Ferros. O fato de estar em Natal pode ser apenas para deixar registrados os nomes e deixar alguma informação sobre o bando”, explica o coronel Ângelo.

Lampião foi morto em 1938, e o documento exibe a data de feitio em 1940, reforçando a ideia de que é uma ata dos processos contra o bando.

No Itep, o trabalho de apuração e restauração do material começou com o resgate de peças que estão em salas que serão desativadas em breve. Feito isso, seguem as etapas de higienização, reparo de documentos e classificação. Tiago Tadeu explica que as atividades também irão contemplar a digitalização de todo o acervo do instituto.

“Aqui se faz ciência”

“Aqui se faz ciência. Aqui se faz história”, ressalta Tadeu sobre o instituto. Em 2016, o Itep comemorou 41 anos, mas sua história é mais antiga. Aqui no Rio Grande do Norte existem registros de laudos confeccionados já nos séculos XVIII e XIX. Mas esses exames eram sempre realizados por peritos e não existia órgão específico para tal. Somente em agosto de 1909, através de Decreto, foi que o governador, à época, criou dois cargos de médico, sendo: um de médico do Batalhão de Segurança (denominação da Polícia Militar) e o outro de médico da polícia. Este último recebeu as atribuições de médico legista. Mas como a carência desse tipo de profissional era muito grande, o mesmo médico foi nomeado para os dois cargos.

Documento achado no arquivo do Itep, em Natal, é uma lauda escrita à fina caligrafia onde constam os nomes dos 55 criminosos mais temidos do sertão nordestino. Ao final, a informação de que os homens citados são enquadrados nos artigos 294 (Matar alguém) (Foto: Andrea Tavares/G1)

Trata-se do Dr. Antônio Emerenciano China, verdadeiramente, o primeiro médico legista, devidamente nomeado e empossado no cargo, de que se tem notícia aqui no RN. Em 1910, foi criado um órgão denominado Enfermaria de Urgência, cuja finalidade era funcionar em caráter ininterrupto para atender às requisições das autoridades policiais como exames de corpo de delito e perícias. E em 30 de abril de 1975 o órgão passou a ser o Instituto de Medicina Legal e Criminalística.

Segundo o chefe de gabinete do Itep, o trabalho de se criar um museu está sendo idealizado para contribuir com o fortalecimento de uma responsabilidade social. “Nesse projeto de resgate da memória técnica do instituto, pretendemos apresentar um acervo que contemple a devida importância do órgão no estado”, explica. Já para o coronel Ângelo Dantas, a ideia do museu é promessa de sucesso. “Eu só tenho a aplaudir. Ele está no caminho certo, cultura é produtiva”, comemora.

Morte de Lampião

Faz 78 anos que Lampião e seu bando foram mortos. Eles acamparam na fazenda Angicos, no Sertão de Sergipe, no dia 27 de julho de 1938. A área era considerada por Virgulino como de extrema segurança, longe das vistas das forças policiais.

Mas, na manhã do dia seguinte, os cangaceiros foram vítimas de uma emboscada, organizada por soldados do estado vizinho, Alagoas, sob a batuta do tenente João Bezerra. De acordo com pesquisadores, o combate durou somente 10 minutos.

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Categoria(s): Administração Pública / Cultura / Gerais

Comentários

  1. João Claudio diz:

    Quando o povo tem a quase certeza de que esse bandido, ufa! finalmente está enterrado, aparece alguém e desenterra o cruel. Benza Deus!

    Ô bandido sanguinolento pra ter fama. vôtis!

    Como bem diz o povo, se Rodolfo tivesse mando ”Gatin” ir até o Saco entregar o dinheiro que a ”Lampa” pediu, a despesa teria sido bem menor e hoje o bandido estava realmente morto e enterrado.

    ”Arrocha” Lampa. Em Mossoró tu ainda continua mais vivo do que nunca. E o povo ó, 89 anos depois que tu apareceu aqui, continua gastando dinheiro… com tu. É mole, Lampa? Ah, a ”mona” ainda adora costurar? E de queimar a rosca? Huuuuummm..! Tá ”torando” o de quem? Hummmmmmmmm…! Aff! Eu sabia que a ”santa” não tinha mudado nada.

  2. Augusto Ribeiro diz:

    Ele passou pelo Rio Grande do Norte em 1927. Foi assassinado em 1938. Porque no RN abriram um inquérito em 1940? A segurança aqui então é ruim já faz tempo…

  3. João Claudio diz:

    Ora, Augusto, porque antes do RN abrir o processo, o ”adevogado” do ”Lampa” já sabendo que o seu cliente poderia ser chamado aos carreteis por ter furado com bala as paredes recém pintadas da Igreja de São Vicente, em Mossoró; por ter tomado uma garrafa de cachaça com tripa de porco na bodega de Chico Desalinhado (bebeu e não pagou), em Martins, e de ter feito com que todo o bando, inclusive Maria Bonita, cagasse às 4 horas da tarde de um domingo na praça principal de Pau dos Ferros, entrou com um RECURSO no fórum de Natal.

    O RECURSO ficou em banho maria de 1927 a janeiro de 1940. Em fevereiro, quinze dias antes do carnaval, um funcionário do fórum juntou uma montanha de papel para perfurá-los com aquela maquininha que faz dois furos, com a finalidade de fazer confete para levar para o carnaval da Ribeira, em Natal. Segundo consta, o funcionário era presidente de uma escola de samba compostas por índios, achava que os confetes seriam novidade e poderiam ate influencia os julgadores na decisão final sobre qual a melhor escola de samba de 1940.

    Quando estava perfurando a papelada, o funcionário percebeu que o RECURSO do ”Lampá” também ia pra Ribeira e cair na folia. Foi então que resolveu entregar o dito cujo ao juiz.

    Dois meses após o carnaval, o juiz, ainda de ressaca da folia, indeferiu o RECURSO e abriu o inquérito.

    Entendeu?

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