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domingo - 12/02/2017 - 08:51h

Lava Jato avança sobre árvore carregada de sogros e genros

Por Augusto Nunes

Nascido em Niterói, Ernâni do Amaral Peixoto começou a subir na vida quando trocou o posto de ajudante-de-ordens do presidente da República pelo ofício de genro de Getúlio Vargas. Sem saber direito a diferença entre a proa e a popa, foi promovido a almirante.

Em 1937, o noivo de Alzirinha ganhou do futuro sogro o cargo de interventor federal no Estado do Rio de Janeiro (e ganhou do povo o apelido de Alzirão). Até morrer no fim dos anos 80, Amaral Peixoto seria deputado federal, senador e um dos mais poderosos dirigentes partidários da história política brasileira.

Piauiense de Teresina, Wellington Moreira Franco começou a subir na vida quando deixou de ser só mais um na multidão de jovens políticos ambiciosos para assumir o emprego de genro de Amaral Peixoto. Sempre monitorado pelo sogro, foi sucessivamente eleito deputado federal, prefeito de Niterói e governador do Rio.

Só em 1989, quando chegaram simultaneamente ao fim a agonia do patriarca e o casamento com Celina Vargas do Amaral Peixoto, Moreira Franco passou a perseguir caminhos próprios. Nenhum deles logrou resgatá-lo dos papéis de coadjuvante.

Depois da vitória de Leonel Brizola na sucessão de Moreira Franco, ganhou do adversário impiedoso o apelido de Angorá. O achado fez tanto sucesso que foi mantido pelos executivos da Odebrecht encarregados de identificar com codinomes os fregueses do departamento de propinas desmontado pela Lava Jato.

Angorá é mais criativo que Botafogo, como é conhecido nos porões da empreiteira o deputado Rodrigo Maia, genro de Moreira Franco.

Nascido no Chile, onde o pai vivia exilado, o botafoguense militante começou a carreira de caçador de votos no colo do hoje vereador César Maia. Mas está na presidência da Câmara também por ter Moreira Franco como sogro.

Essa frondosa árvore genealógica, plantada há mais de cem anos, rende frutos altamente lucrativos desde a ascensão política do almirante que não comandou sequer uma canoa. Mas já foi condenada à morte pelo Brasil da Lava Jato.

A galharia atulhada de sogros, genros e agregados será triturada pelas motosserras tripuladas por informantes da Odebrecht.

Augusto Nunes é jornalista, âncora do programa Roda Viva da TV Cultura

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Marcos Pinto. diz:

    Amaral Peixoto era primo de Tilon Gurgel do Amaral (do Brejo de Felipe Guerra-RN, este por sua vez filho do aracatiense da Fazenda Porteiras Capitão Tibúrcio Valeriano Gurgel do Amaral. Pois bem. em 1934 todo mundo sabia que todo mundo sabia que o Tilon Gurgel e Luiz Ferreira Leite foram os autores intelectuais do assassinato do renomado e prestigioso líder político apodiense Coronel da Guarda Nacional Francisco Ferreira Pinto (Meu tio-avô paterno). Esse triste fato ocorreu a 02.05.1934. O famigerado crime teve a inveja como único fator motivante, uma vez que os dois eram figadais inimigos políticos do líder populista apodiense, que com apenas 39 anos de idade já fora eleito três vezes prefeito de Apodi e Deputado Estadual, eleito para o triênio 1927-1929, cargo que exerceu cumulativamente com o de prefeito. Ocorre que o Cel. Francisco Pinto fora sondado pelos renomados líderes políticos do estado Drs. José Augusto e Juvenal Lamartine para ser o candidato ao governo do estado pelo Partido Popular. Antes de dar a resposta positiva, a inveja assediou de forma virulenta os truculentos Tilon e Luiz Leite, que pagaram mão mercenária do pistoleiro Roldão Maia, do Itaú, para ceifar de emboscada a vida do grande apodiense. Após sobejas provas das autorias intelectuais colhidas no Inquérito e processo-crime, só o Luiz Leite foi ouvido, mas só qualificado e absolvido pelo Juiz de Direito parcial e truculento, orientado via tráfico de influência pelo cunhado de Tilon o Desembargador Felipe Guerra. Como Tilon era primo do genro de Getúlio Vargas (amaral Peixoto), sequer foi indiciado. Não fora esse covarde assassinato, Apodi teria tido um filho da terra eleito governador do estado, já que o Partido Popular elegera 14 Deputados Estaduais e o Partido Liberal só elegeu 11 Deputados estaduais, incluindo nesses os nomes de Benedito Saldanha e Doutor Maltez Fernandes, casado com uma prima do Tilon. A eleição era feita de forma indireta, com a votação dos srs. Deputados estaduais. A História tem que ser contada como realmente aconteceu, sem a intenção de ferir suscetibilidades.

  2. jbsouto diz:

    Marcos Pinto sempre nos contempla com textos de profundidade histórica. O Blog está de PARABÉNS por tê-lo entre os seus articulistas.

  3. jbsouto diz:

    A maioria da classe política brasileira – à Direita, Centro, ou à Esquerda – insiste em permanecer com práticas que não se coadunam com o zeitgeist – termo alemão cuja tradução significa espírito da época, espírito do tempo ou sinal dos tempos. “O domínio oligárquico de pequenas minorias e seus protegidos, o nepotismo, o filhotismo, o genrismo, o compadrio tornavam impossíveis as transformações sociais, as reformas estruturais. Some-se a isso a personalização, a ausência, a omissão ou o desinteresse dos políticos pela solução dos problemas, sua impermeabilidade às idéias, a mecanização da imitação européia e depois americana, a falsidade e infidedignidade da representação (…).”José Honório Rodrigues, em ‘Conciliação e Reforma no Brasil: um desafio histórico-político.’

  4. Inácio Augusto de Almeida diz:

    “Essa frondosa árvore genealógica, plantada há mais de cem anos, rende frutos altamente lucrativos desde a ascensão política do almirante que não comandou sequer uma canoa. Mas já foi condenada à morte pelo Brasil da Lava Jato.
    A galharia atulhada de sogros, genros e agregados será triturada pelas motosserras tripuladas por informantes da Odebrecht.”
    E assim caminha para o fim essa “frondosa árvore genealógica” como para o fim sempre caminham todas as outras frondosas árvores genealógicas que não permitem que os seus membros se desenvolvam naturalmente
    Numa canção que fez pouco sucesso, Erasmo Carlos disse:
    Ei, mãe, não sou mais menino
    Não é justo que também queira parir meu destino
    Você já fez a sua parte me pondo no mundo
    Que agora é meu dono, mãe
    e nos seus planos não estão você
    Proteção desprotege
    e carinho demais faz arrepender
    …………
    A barra tá pesada, mãe
    E quem tá na chuva tem que se molhar
    No início vai ser difícil
    Mas depois você vai se acostumar.
    Lamentavelmente, apesar dos exemplos que a história registra, tem mães que continuam tratando seus filhos como se fossem eternos bebês.
    Largar a mão do hoje homem e ontem menino é preciso.
    ////////
    OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS NESTE TRIMESTRE. AGUARDEM!
    AS DENÚNCIAS DO EX-PROCURADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DE MOSSORÓ, O QUE CHAMOU OS VEREADORES DE CORJA, ESTÃO SENDO APURADAS POR UM PROMOTOR DESDE O DIA 6/12/2016. AGUARDEM!

  5. Marcos Pinto. diz:

    Obrigadooo pelas suas bondosas palavras amigos jbsouto e Carlos Santos. Adianto-lhe que estou perto de publicar neste prestigioso e celebrado blog um texto histórico e genealógico sobre sua tradicional família Souto, que terá o título SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA FAMÍLIA SOUTO. Um elogio seu com certeza configura-se em grande referencial para esse modesto aruá do pé da serra do Apodi. Será que o amigo poderia me informar nomes dos avós do clã Souto?. Tenham uma iluminada e profícua semana. Abraçaço.

  6. Marcos Pinto. diz:

    Obrigadooo pelo esclarecimento nobre jbsouto. A família Souto fixada em Mossoró tem origem no estado da Paraíba. Vou fazer uma pesquisa acurada nos clãs da família nos dois estados para ver se há vínculos próximos entre eles e te repassarei o resultado. Inté.

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