UMA VERDADE
QUANDO UMA CORRUPÇÃO PRATICADA COM DESCARAMENTO LEVA MUITO TEMPO EM APURAÇÃO É SINAL DE QUE FALTA CORAGEM PARA PUNIR OS LADRÕES.
Inácio Augusto de Almeida
Não sabia o judeu Jan Koum, inventor do WhatsApp, que a sua invenção facilitaria a vida de muitas mulheres casadas, inclusive a de Jacinta.
Jacinta, uma fogosa ”loirassa oxigenada” mossoroense e desejada por todos, era ‘’arriada’’ por Vicente, mas casou-se, a pedido de sua mãe, Fátima Perereca, com Januário, vulgo Jojobão, jogador de futebol, visto por muitos como ‘’O cão no mato chupando manga’’, por sentir muito ciúme de Jacinta.
Após o terceiro dia de casamento, Jacinta já sentiu que não sentia nada por Jojobão, e pôs-se a ficar na janela da sua casa à procura de um Jojobãozinho.
Um vacilo de Jojobão e…Bingo! Encontrou.
Um certo dia um rapaz chamado Ricardo passa pela calçada. Ao ver a ”loirassa” debruçada sobre a soleira da janela, entrega-lhes um pequeno pedaço de papel onde estava anotado o numero do seu telefone celular, e uma observação no roda pé:
”Me ligue. Vamos conversar sem chamar a atenção. Ative o ‘’vibrador’’.
No dia seguinte Jacinta saiu à procura de uma loja que vendesse ‘’vibradores.’’ Não encontrou.
Finalzinho de tarde, Ricardo passa em frente à casa dela e entrega outro bilhete:
‘’Conseguiu ativar o ‘’vibrador?’’
Já sabendo que Ricardo faria essa pergunta, ela já tinha escrito um bilhete:
‘’Essa ”coisa” num tem pra vender em Mossoró, não.’’
Na manhã seguinte, Ricardo se encontra com Jacinta no Vuco Vuco, que ainda estava à procura da ”coisa”:
– Não entendi quando você escreveu dizendo que não encontrou a ”coisa”. É muito simples: entre no menu do celular e…’’.
– Aaaaaaah, agora entendi. Pode deixar.
Respondeu a ”loirassa”.
– Depois de ativar, não deixe o celular em qualquer lugar. Guarde-o em local seguro, e que ”ele” não tenha acesso.
– Pode deixar. Eu vou guarda-lo dentro da calcinha.
Com o vibrador ativado, Ricardo ligava e Jacinta atendia a toda hora.
Quando Jojobão não estava em casa, beleza. Mas quando estava e Jacinta sentia o ‘’vibrador’’ tremendo próximo ao ”sobrenome da mãe”, corria ao banheiro, fechava a porta e passava 10, 20, 30, 40 minutos falando baixinho com Ricardo, de quem já chamava de ‘’mô’’.
Jojobão começou a desconfiar da marmota, haja vista que, depois de passar 40 minutos ou até mais no banheiro, Jacinta não acionava a descarga, não se banhava, não fazia uso do papel higiênico e não deixava o ambiente fedorento.
Janjão se perguntava:-
– Tá cum a gota. Será que essa cachorra passou a cagar aerossol perfumado? Eu vou descobrir.
A partir de então, toda vez que Jacinta se trancava no banheiro, Jojobão corria atrás, batia na porta e dizia:
– Abra essa porra. Eu quero ”cagá”.
‘’Aguniada’’ dentro do banheiro e com a pressão exterior em alta, Jacinta ainda encontrava tempo para se despedir de Ricardo:
– Mô, sujou. Vou ter que desligar. Eu ligo quando ele sair para trabalhar.
Jacinta percebeu que não tinha mais como falar com Ricardo. A situação piorou mais ainda quando Jojobão, desconfiado até a medula, resolve pedir férias ao patrão.
Férias concedidas, Jojobão passava o dia deitado na cama, e só se levantava para ir ao banheiro ou para fazer as refeições. Um olho na TV, metade do outro em Jacinta, a outra metade na porta do banheiro. Caso a mesma estivesse fechada, lá estava Janjão pedindo para entrar.
Jacinta se viu perdida. Nem na janela podia mais ficar.
O desespero bateu, haja vista que toda vez que ela entrava no quarto, Jojobão estava deitado e acordado. Ao ver Jacinta, ele jogava o lençol no chão, exibia a sua ‘’juba’’ quase a encostar no telhado, e dizia repetidas vezes:
Jacinta estava ”impedida” de entrar no banheiro e no quarto, e ”proibida” de se debruçar na janela, haja vista a janela fazer parte do quarto.
‘’Espritada’’ da vida e sem saída, Jacinta vai a farmácia comprar Maracujina para acalmar os nervos… dela.
O dele, impossível.
Lá, encontra Ricardo que, sabendo o motivo do silencio, entrega outro bilhete a ela:
‘’ Querida, baixe //www.whatsapp.com/?l=pt_br no seu celular e me adicione. As 10 da noite eu vou enviar uma mensagem que você vai poder ler na frente dele, sem que ele desconfie.’’
Às 10 em ponto chega a mensagem:
– Oi tesão. Tá tudo bem?
– ‘’Mô’’, Ufa! Ficou melhor agora que você deu noticias. Você sabe que depois que a ‘’prejura’’ entrou de férias minha vida virou um inferno.
– Isso acabou, meu tesãozinho. A partir de agora você pode receber e enviar mensagens na presença dele, e até na presença do Papa.
– Nossa, Ricardo, que maravilha de invenção. Até parece que isso foi feito para mim e para outras mulheres casadas que vivem a mesma situação que a minha.
– Jacinta, minha filha, isso caiu do Céu. ‘’Me diga’’’ onde você está agora? Está no banheiro? Escondida?
– Mô, que nada. Eu estou deitada na cama e ao lado dele.
– O que ele está fazendo?
– Assistindo ‘’Pega Pega’’.
– E a ‘’juba’’?
– Mole. Ele foi jogar bola pela manhã e voltou com os culhões inchados. Diz ele que levou uma bolada. Quem me dera que passasse o resto do ano assim.
– Ele não está se incomodando de tanto você dar dedada no celular?
– Ele já perguntou. Eu disse que estava ‘’falando’’ com minha mãe.
– E aí? Qual foi a reação dele?
– Ele disse: ‘’Ahhhh, tááááááá´, pensei que era alguém que eu não conhecia.’’
– Jacinta, agora vamos falar só de nós dois. Quando é que você vai estar pronta para um’’maracutico’’ bem gostoso?
– Mô, se dependesse de mim seria agora. Eu estou em brasa. Me ardendo toda. Tô queimando da cabeça aos pés. Amanhã eu vou dizer a ele que vou almoçar na casa de mamãe e agente aproveita para tirar o atraso. ‘’Me diga’’ onde você vai estar?
– o – o – o – o – o –
WhatsApp baixado e senha do celular ativada, Jacinta (◡‿◡✿) e Ricardo (●̮̮̃•̃) passaram a se comunicar todos os dias, todas as horas, sem serem perturbados pelo Jojobão (͡๏̯͡๏).
Hoje, quando Jojobão sai para trabalhar, o ”bate papo” entre Jacinta e Ricardo acontece também em motéis da cidade.
Se não bastasse a violência em Mossoró, a prefeitura, pasmem, acaba de contratar o ”pistoleiro do amor” para animar a festa do bode.
♫ Bééééééééééé Bang! Bang! Bang! Béééééééééééééééééé Bang! Bang! Bang!
Figa pé de pote.
UMA VERDADE
QUANDO UMA CORRUPÇÃO PRATICADA COM DESCARAMENTO LEVA MUITO TEMPO EM APURAÇÃO É SINAL DE QUE FALTA CORAGEM PARA PUNIR OS LADRÕES.
Inácio Augusto de Almeida
A cama de Jacinta
Não sabia o judeu Jan Koum, inventor do WhatsApp, que a sua invenção facilitaria a vida de muitas mulheres casadas, inclusive a de Jacinta.
Jacinta, uma fogosa ”loirassa oxigenada” mossoroense e desejada por todos, era ‘’arriada’’ por Vicente, mas casou-se, a pedido de sua mãe, Fátima Perereca, com Januário, vulgo Jojobão, jogador de futebol, visto por muitos como ‘’O cão no mato chupando manga’’, por sentir muito ciúme de Jacinta.
Após o terceiro dia de casamento, Jacinta já sentiu que não sentia nada por Jojobão, e pôs-se a ficar na janela da sua casa à procura de um Jojobãozinho.
Um vacilo de Jojobão e…Bingo! Encontrou.
Um certo dia um rapaz chamado Ricardo passa pela calçada. Ao ver a ”loirassa” debruçada sobre a soleira da janela, entrega-lhes um pequeno pedaço de papel onde estava anotado o numero do seu telefone celular, e uma observação no roda pé:
”Me ligue. Vamos conversar sem chamar a atenção. Ative o ‘’vibrador’’.
No dia seguinte Jacinta saiu à procura de uma loja que vendesse ‘’vibradores.’’ Não encontrou.
Finalzinho de tarde, Ricardo passa em frente à casa dela e entrega outro bilhete:
‘’Conseguiu ativar o ‘’vibrador?’’
Já sabendo que Ricardo faria essa pergunta, ela já tinha escrito um bilhete:
‘’Essa ”coisa” num tem pra vender em Mossoró, não.’’
Na manhã seguinte, Ricardo se encontra com Jacinta no Vuco Vuco, que ainda estava à procura da ”coisa”:
– Não entendi quando você escreveu dizendo que não encontrou a ”coisa”. É muito simples: entre no menu do celular e…’’.
– Aaaaaaah, agora entendi. Pode deixar.
Respondeu a ”loirassa”.
– Depois de ativar, não deixe o celular em qualquer lugar. Guarde-o em local seguro, e que ”ele” não tenha acesso.
– Pode deixar. Eu vou guarda-lo dentro da calcinha.
Com o vibrador ativado, Ricardo ligava e Jacinta atendia a toda hora.
Quando Jojobão não estava em casa, beleza. Mas quando estava e Jacinta sentia o ‘’vibrador’’ tremendo próximo ao ”sobrenome da mãe”, corria ao banheiro, fechava a porta e passava 10, 20, 30, 40 minutos falando baixinho com Ricardo, de quem já chamava de ‘’mô’’.
Jojobão começou a desconfiar da marmota, haja vista que, depois de passar 40 minutos ou até mais no banheiro, Jacinta não acionava a descarga, não se banhava, não fazia uso do papel higiênico e não deixava o ambiente fedorento.
Janjão se perguntava:-
– Tá cum a gota. Será que essa cachorra passou a cagar aerossol perfumado? Eu vou descobrir.
A partir de então, toda vez que Jacinta se trancava no banheiro, Jojobão corria atrás, batia na porta e dizia:
– Abra essa porra. Eu quero ”cagá”.
‘’Aguniada’’ dentro do banheiro e com a pressão exterior em alta, Jacinta ainda encontrava tempo para se despedir de Ricardo:
– Mô, sujou. Vou ter que desligar. Eu ligo quando ele sair para trabalhar.
Jacinta percebeu que não tinha mais como falar com Ricardo. A situação piorou mais ainda quando Jojobão, desconfiado até a medula, resolve pedir férias ao patrão.
Férias concedidas, Jojobão passava o dia deitado na cama, e só se levantava para ir ao banheiro ou para fazer as refeições. Um olho na TV, metade do outro em Jacinta, a outra metade na porta do banheiro. Caso a mesma estivesse fechada, lá estava Janjão pedindo para entrar.
Jacinta se viu perdida. Nem na janela podia mais ficar.
O desespero bateu, haja vista que toda vez que ela entrava no quarto, Jojobão estava deitado e acordado. Ao ver Jacinta, ele jogava o lençol no chão, exibia a sua ‘’juba’’ quase a encostar no telhado, e dizia repetidas vezes:
– Veeeeeeeeeeeenha! Veeeeeeeeeeeenha! Veeeeeeeeeeeenha!
Jacinta estava ”impedida” de entrar no banheiro e no quarto, e ”proibida” de se debruçar na janela, haja vista a janela fazer parte do quarto.
‘’Espritada’’ da vida e sem saída, Jacinta vai a farmácia comprar Maracujina para acalmar os nervos… dela.
O dele, impossível.
Lá, encontra Ricardo que, sabendo o motivo do silencio, entrega outro bilhete a ela:
‘’ Querida, baixe //www.whatsapp.com/?l=pt_br no seu celular e me adicione. As 10 da noite eu vou enviar uma mensagem que você vai poder ler na frente dele, sem que ele desconfie.’’
Às 10 em ponto chega a mensagem:
– Oi tesão. Tá tudo bem?
– ‘’Mô’’, Ufa! Ficou melhor agora que você deu noticias. Você sabe que depois que a ‘’prejura’’ entrou de férias minha vida virou um inferno.
– Isso acabou, meu tesãozinho. A partir de agora você pode receber e enviar mensagens na presença dele, e até na presença do Papa.
– Nossa, Ricardo, que maravilha de invenção. Até parece que isso foi feito para mim e para outras mulheres casadas que vivem a mesma situação que a minha.
– Jacinta, minha filha, isso caiu do Céu. ‘’Me diga’’’ onde você está agora? Está no banheiro? Escondida?
– Mô, que nada. Eu estou deitada na cama e ao lado dele.
– O que ele está fazendo?
– Assistindo ‘’Pega Pega’’.
– E a ‘’juba’’?
– Mole. Ele foi jogar bola pela manhã e voltou com os culhões inchados. Diz ele que levou uma bolada. Quem me dera que passasse o resto do ano assim.
– Ele não está se incomodando de tanto você dar dedada no celular?
– Ele já perguntou. Eu disse que estava ‘’falando’’ com minha mãe.
– E aí? Qual foi a reação dele?
– Ele disse: ‘’Ahhhh, tááááááá´, pensei que era alguém que eu não conhecia.’’
– Jacinta, agora vamos falar só de nós dois. Quando é que você vai estar pronta para um’’maracutico’’ bem gostoso?
– Mô, se dependesse de mim seria agora. Eu estou em brasa. Me ardendo toda. Tô queimando da cabeça aos pés. Amanhã eu vou dizer a ele que vou almoçar na casa de mamãe e agente aproveita para tirar o atraso. ‘’Me diga’’ onde você vai estar?
– o – o – o – o – o –
WhatsApp baixado e senha do celular ativada, Jacinta (◡‿◡✿) e Ricardo (●̮̮̃•̃) passaram a se comunicar todos os dias, todas as horas, sem serem perturbados pelo Jojobão (͡๏̯͡๏).
Hoje, quando Jojobão sai para trabalhar, o ”bate papo” entre Jacinta e Ricardo acontece também em motéis da cidade.
Jojobão, coitado, nunca desconfiou.
-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o
João Claudio NÃO é escritor.
Texto originalmente publicado AQUI.