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sábado - 17/06/2017 - 07:54h
Wilma

Que siga em paz!

Por Raíssa Tâmisa

Wilma de Faria foi e representa pra mim a primeira grande experiência com a decepção.

Tinha uma relação de distância e admiração com ela que, junto com alguns afetos da época também contribuíram com esse arranhão, que por dez anos feriu e custou o sossego do meu universo mais precioso: minha casa. E o resultado, a interrupção do maior projeto de cultura feito no Rio Grande do Norte.

Wilma foi uma grande decepção porque eu cheguei a acreditar muito nela. Eu acreditei e não me arrependo.

Talvez por isso a notícia da sua morte não passou indiferente pelos meus sentimentos.

O inconsciente trouxe alguns segundos de reflexão e silêncio enquanto lembrei dela lá no sítio da gente, pedindo silêncio e que eu cantasse “Valsinha de Chico” junto com ela. Logo depois, veio a imagem da última vez que a vi, num show de Isaque Galvão no Praia shopping, ela sentada na mesa ao lado da que eu estava com amigos e eu fiz questão de não cumprimentá-la.

Também não me arrependo.

Chorei de raiva nesse dia.

As duas cenas alternaram na lembrança, e me deixo ser solidária às duas mins, eu criança vendo a construção de um sonho e depois, mais velha, derrubando o castelo de areia. É disso também que é feito o crescimento, né?

Como disse, repito, a notícia não passou indiferente. O fim é triste e o dela foi sofrido.

Lamentei sinceramente, mas não consigo perdoar.

Que siga em paz!

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. François Silvestre diz:

    Esse texto da minha muleca mais nova me deixa confuso entre tristeza e orgulho. Foi tudo muito bonito, no começo e mais triste ainda no desfecho. Mais uma desgraça que a corrupção produz continuadamente. Eu pensava fazer parte de um governo; mas fazia parte, involuntariamente, de uma quadrilha.

  2. Vicente diz:

    Talvez um dia cheguemos ao nível em que artistas não se decepcionem com políticos e governantes quanto a frustração de anseios culturais, por realizações não concretizadas (ou interrompidas), simplesmente porque a arte não deveria depender da boa vontade de políticos e governantes.

  3. naide maria rosado de souza diz:

    Raissa…
    Perdoe. Conceder o perdão é sublime . Nos torna mais leves .
    Descobri que carregar decepções é um fardo. Precisamos nos livrar delas, caso contrário seremos nossos próprios algozes.
    Quero caminhar sem pesos e luto por isso. Deixo os desgostos pelo caminho…longes de mim, porque preciso de espaço para meus próprios erros . Não somos perfeitos. Quem perdoa é perdoado. Eis a vida, independentemente de religião.

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