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domingo - 05/03/2017 - 08:40h

Quem mataria o juiz Moro?

Por Paulo Linhares

O escritor peruano Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de Literatura de 2010, é um dos mais lidos escritores hispano-americanos da geração dos anos ’70 do século XX. Embora  menos talentoso e carismático, ele pode ser considerado uma versão direitista de Gabriel Garcia Marquez.

Sim, Vargas Llosa tem aliado a sua atividade literária com a militância política, que começou no campo socialista, em sua juventude, quando apoiava entusiasticamente a Revolução Cubana, porém, mudou a direção para o lado liberal-conservador e chegou a  concorrer à presidência do Peru, em 1990, pela coalizão liberal de direita Frente Demócrata (FREDEMO), em que venceu o primeiro turno, porém, perdeu a eleição no segundo turno para Alberto Fujimori.

Desgostoso com o veredito das urnas, deixou sua pátria e obteve a cidadania espanhola em 1993, onde até se tornou um dos pares do Reino da Espanha, agraciado que foi, em 2011, pelo rei Juan Carlos I, com o pomposo título de nobreza de Marquês de Vargas Llosa.

Na militância política cada vez mais conservadora, Vargas Llosa tornou-se um autêntico e não menos chato boquirroto, mesmo porque há sempre seletas plateias e importantes veículos da mídia mundial dispostos a ouvir o que diz alguém que tem o poderoso charming de manter na prateleira uma dúzia dos prêmios literários mais importantes, à frente o Nobel de Literatura. Assim, o Marquês de Vargas Llosa aproveita o prestígio e ‘desce a chibata’ conservadora ao analisar, sobretudo, os altos e baixos da volátil política sul-americana.

Sérgio: decisão (Foto: Agência Brasil)

Aliás, como pensador político estaria a anos-luz atrás do peruano, um nobre inca, na verdade, chamado Felipe Guamán Poma de Ayala (1534–1615), que escreveu em forma de carta ao rei espanhol Felipe III, entre 1600 e 1616, com inimagináveis 1.180 páginas de texto manuscrito com 397 desenhos de ilustrações, intitulada El primer nueva crónica y buen gobierno (A primeira nova crônica é bom governo), que se constitui o mais importante libelo contra as atrocidades dos colonizadores espanhóis na América.

Lastimavelmente, a crônica nem chegou a ser lida pelo soberano espanhol, que certamente não daria qualquer importância ao escrito de Poma de Ayala, porquanto o manuscrito desapareceu no percurso para a Espanha. Muitos anos depois foram encontrados os originais que hoje fazem parte do rico acervo da Biblioteca Real da Dinamarca.

A leitura dessa crônica faz de tudo que escreveu o Marquês de Vargas Llosa ridículos espasmos literários e do seu autor um liliputiano em dignidade e amor à terra em que nasceu. Certamente, Poma de Ayala jamais seria um par – barão, conde ou marquês – do reino sanguinário que conquistou seu país e escravizou o seu povo.

Doutra parte, em recente artigo escrito para o jornal El País, da Espanha, e replicado, claro, pelo O Estado de São Paulo, referindo-se à atuação do juiz Sérgio Moro, esse novo herói de todos os conservadores, direitosos e direitistas de carteirinha, daqui e de alhures, afirmou o Marquês de Vargas Llosa, entre outras tolices: “É um milagre que continue vivo”.

Somente uma mente politicamente tosca pensaria desta maneira. Ao dizer isso, ele nada mais faz que uma leitura da polêmica atuação do juiz Moro sob o prisma de algumas das novelas de estilo policial que escreveu, inclusive com a característica de uma sempre exagerada dramaticidade.

O escritor (ex)peruano não dá ponto sem nó: busca na discussão de polêmicos temas políticos sul-americanos extravasar as frustrações que adquiriu na militância da política peruana.

A complexa ‘trama’ da Operação Lava Jato e seus múltiplos efeitos e desdobramentos lhe cai como um luva, enquanto mote para estéreis polêmicas e invectivas descabidas. Nesse caso, é ridícula a sua intervenção, sobretudo, por demonstrar enorme desconhecimento da realidade brasileira, ademais de usar modelos já superados e inservíveis para analisá-la.

Óbvio que, do alto de sua fama ‘nobelesca’ e nobiliárquica, pode escrever o que lhe ‘der na telha’, todavia, nada igualmente impede de ser refutado até mesmo por poucos conhecidos escribas provincianos.

A propósito, tome-se como exemplo a sua obra ¿Quién mató a Palomino Molero? A oitava novela de Vargas Llosa, publicada inicialmente em 1986, narra um acontecimento aparentemente desvestido de maior importância incursionando não apenas no terreno obscuro da natureza humana, mas, também, revisita cenários passados da política do Peru dos anos 1950, marcados pela corrupção no mundo da política, pelas práticas autoritárias de gestão do Estado e pelo predomínio de uma elite nativa em nada distante da crueldade e violência com que os espanhóis ensanguentaram os Andes peruanos, no século XVI, em busca de ouro e prata, quando ao lado de milhares de mortes se destacou o martírio do rei Túpac Amaru I (1545-1572), último rei inca da dinastia rebelde de Vilcabamba, perversamente assassinado pelo conquistadores espanhóis mesmo após lhes entregar um rico tesouro destes metais preciosos: depois de barbaramente torturado foi queimado vivo.

Com Palomino Molero, tenente da Força Aérea peruana encontrado morto numa base militar, personagem  de Vargas Llosa, não foi assim tão diferente em tortura e assassinato, à exceção do fogo. Num transcurso cheio ambiguidades e situações imprevisíveis que desviam o rumo de quem seria o culpado pelo crime, o leitor é levado ao desenlace da trama apontado na investigação policial que se seguiu.

Sem dúvida, uma bem construída e instigante narrativa.

Inegável que Vargas Llosa é um grande escritor e como tal conhece o apelo popular dos folhetins, sobretudo, algumas das corriqueiras fórmulas de sucesso folhetinescas, como é o caso do açulamento da curiosidade das massas para saber quem teria sido o assassino de certa personagem na trama novelesca.

“Quem matou Odete Roitman?”, foi a indagação feita no final da novela global “Vale Tudo” (1988-1989), de Gilberto Braga,  que eletrizou o Brasil por muitos dias e mexeu com a cabeças de milhões de telespectadores da “Vênus Platinada”, ou seja, dois anos após a publicação do livro de Vargas Llosa.

Talvez isto não tenha sido mero acaso, mas, uma inspiração, no mínimo, intertextual, para usar a categoria forjada pelo filósofo russo Mikhail Mikhailovich Bakhtin, o teórico fundamental da linguística e da literatura. Em linguagem mais simples: Llosa pode ter inspirado Braga no uso dessa eficaz e ardilosa ‘ferramenta’ literária.

Com efeito, na fórmula de Braga – do “quem matou?” – segundo Nilson Xavier, o “objetivo é claro: gerar algum burburinho para despertar a audiência adormecida da novela. Ainda que o recurso seja visto como ‘golpe baixo’, uma vez que já foi usado à exaustão” (disp. em < //bit.ly/2lJauG5 > acesso: 20 fev 2017).

Bem, de todo modo é um subterfúgio que, nos folhetins da teledramaturgia tupiniquins, sempre tem dado certo para incitar a curiosidade das pessoas e aumentar os índices de audiência das telenovelas fracassadas e insossas (só Gilberto Braga já usou – e abusou – desse recurso em cinco das telenovelas que fez na Rede Globo…).

Transposto para o ambiente mais nobre da literatura, o artifício também desperta grande interesse e não é menos chamativo. Por isto que com o “Quem matou Palomino Moleiro?”, de Vargas Llosa, não foi diferente: um absoluto sucesso, tanto que, editado em mais de trinta outros idiomas, além do espanhol, vendeu milhões de exemplares no mundo inteiro.

No entanto, é especulação barateira e descabida essa de Vargas Llosa sobre o “milagre” de o juiz Sérgio Moro ainda não ter sido assassinado. O problema é que ele, do alto de seu marquesado nos enxerga, a nós brasileiros, como nativos de uma inarredável Banana Republic. Ele não sabe que o Brasil não é mais aquele que conheceu quando das pesquisas do seu “A guerra do fim do mundo”, em que narra o episódio de Canudos, sempre na segura trilha de Euclides da Cunha (ainda prefiro mil vezes Os sertões que o romance de Llosa…).

Pois é, senhor Marquês de Vargas Llosa, o Brasil tem mudado muito, de modo que resolvemos nossas querelas dentro dos marcos da legalidade. Quem mataria (ou mandaria matar) o juiz Moro, o ‘espadachim’ da Lava Jato? Idiotice!

Na condição de pessoa que vive num país com alto grau de violência urbana ele pode até ser vítima de ato criminoso, um assalto ou outro tipo de agressão, como têm sofrido muitos outros cidadãos deste país. Agora, em razão de sua atividade profissional de magistrado, sobretudo, de sua atuação frente à “Operação Lava Jato” essa especulação é uma enorme besteira.

Ora, mesmo aquelas pessoas ou grupos que se ressentem da atuação do juiz Moro devem saber que, hoje, se ele “levar uma topada” o Brasil pegaria fogo. Por outro lado, tirá-lo dos processos que envolvem ex-executivos da Petrobras, doleiros, empresários e políticos, envolvidos numa das mais intricadas redes de corrupção que se tem notícia no mundo, seria outra grande besteira: quem o substituísse dificilmente faria diferente do que ele faz e, portanto, as prisões provisórias e as severíssimas condenações seguiriam seu curso normal.

Em resumo, seria isto outra “burrice esférica”, como resumiria o meu amigo juiz Assis Amorim, que faleceu recentemente. E a burrice é esférica, segundo definia com argúcia Amorim, quando se manifesta em todos os ângulos e pontos; onde quer que se toque, ela é burrice absoluta e irritante.

Ao que parece, somente uma prodigiosa mente novelesca conceberia matar um juiz para dar cabo ao processo. As nossas elites podem ser corruptas e perversas, ainda, mas, já ultrapassaram o estágio da violência rasteira “do tempo dos coronéis” e seu jagunços implacáveis.

Claro, não se pode aconselhar ao Dr. Moro que relaxe com sua segurança pessoal e ande desabridamente nas ruas de sua Curitiba ou em qualquer outra grande cidade brasileira: a qualquer instante, estrela global que é, ele pode ser reconhecido e como tal agredido por algum maluco do tipo Mark David Chapman, o esquizofrênico que matou John Lennon, em 8 de dezembro de 1980, apenas para se tornar (tristemente) célebre.

Em resumo, esse besteirol do Marquês sobre o juiz Moro é exagerado, caviloso e sem fundamento. Certamente, impõe o costume republicano absoluto respeito à vida e à dignidade da pessoa humana: que viva em paz com sua família o jovem juiz Sérgio Moro, até quando a natureza lhe permita viver, goste-se ou não do seu agir profissional. E que tenha todo o tempo do mundo para refletir sobre o que fez ao seu país, para o bem ou para o mal.

No mais, com toda essa baboseira parece até que Vargas Llosa deseja mesmo é escrever uma sequência da sua novela anterior, com um título mais ou menos assim: “¿Quién mataria a Sergio Moro?” E venderia muitos exemplares em diversos idiomas.

Por isto, ao aproveitador e falastrão Marquês de Vargas Llosa, é essencial dizer: vire a boca para lá, urubu-da-asa-quebrada!

Vai agourar noutro lugar! Arre!

Paulo Linhares é professor e advogado

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Caro jurista Paulo Linhares, ante a instigante narrativa e cativante indagação que se possa inferir da leitura do vosso brilhante artigo.

    Ouso afirmar que, a morte do juiz Sérgio Moro, não do ponto de vista biológico, mas sim, do ponto de vista midiático, profissional e institucional, entendo-a perfeitamente plausível a partir da interação dos avassaladores efeitos derivados da tentativa do próprio monopólio da imprensa em canonizá-lo, concomitantemente ao modus operandi do Juiz/Sherife, no qual , deveras, se constata manifesto viés ideológico e partidário do conjunto das suas ações no âmbito da Operação lava a Jato.

    A figura de um juiz vinculado de maneira insofismável ao Status Quo e que opera e aplica a Lei, basicamente a partir do manifesto desrespeito aos primados da nossa Constiuição de 1988, assim como, entende perfeitamente normal rasgar o nosso Código de Processo Penal quando da instrução dos processos criminais que está a frente(Desrespeitando de foram gravosa, reiterada e arrogante, inclusive as prerrogativas dos profissionais da advocacia), denominando esses graves fatos, crimes e desvios profissionais, tão somente como, medidas excepcionais em tempos de excepcionalidade da corrupção e do crime.

    Nesse contexto, peço vênia para transcrever artigo da revista carta capital, onde se constata de maneira objetiva, vários aspectos extremamente perigosos e negativos ao nosso Estado Democratico de Direito e, sobretudo à nossa claudicante e imberbe democracia representativa, vejamos:

    A Operação Lava Jato, segundo Sérgio Moro
    por Roberto Amaral — publicado 28/10/2016 13h35, última modificação 28/10/2016 13h39.

    A publicidade, levada entre nós a extremos do sensacionalismo, é exaltada pelo juiz, ainda quando aumenta o risco de uma acusação falsa

    Rovena Rosa / Agência Brasil
    Sérgio Moro

    O magistrado antecipou o quadro atual ao anunciar as condições para o sucesso da operação
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    Os sucessos objetivos, midiáticos e ideológicos do que hoje se intitula Operação Lava Jato, com seus erros e acertos, é a reprodução, quase mutatis mutandi, da italiana mani pulite, que tem no juiz Sergio Moro, no Brasil, seu principal cavaleiro e seu escrivão, seu principal teórico e executante, pois o que se vê, e o que ainda se verá, entre nós, já podia ser lido em seu artigo “Considerações sobre a ‘Operação Mani pulite’” (R. CEJ. Brasília.n.26. p. 56-62. Jul/set.2004). Destaco o ano de publicação (2004) e lembro que a operação brasileira foi desencadeada em 2014.

    A operação italiana terminou numa farsa: a eleição de Berlusconi. A crise política brasileira rapidamente transita para uma crise institucional que pode cobrar alto preço à democracia representativa. Vale a pena, pois, revisitar o texto de nosso super-herói.

    Escrevendo dez anos antes dos feitos curitibanos, Sérgio Moro, já então praticamente descrevia o quadro brasileiro de nossos dias ao anunciar as condições necessárias para o sucesso da “operação”, e a primeira delas é a crise política alimentada pela crise econômica, como a que viveu a Itália entre o fim dos anos 1980 e os anos 1990, e a que vivemos a partir de 2013.

    Essas duas contingências retroalimentam e, administradas, produzem a “deslegitimação do sistema político”, com seu inevitável rol de sequelas, como a queda do debate ideológico, como o colapso da vida partidária. Na Itália, essas disfunções é que teriam produzido o que o juiz chama de “círculo virtuoso”, com a crise política ensejando a “maior legitimação da magistratura”, que, no Brasil se alça, por intermédio do Poder Judiciário à inconstitucional condição de Poder Moderador pairando sobre os demais poderes, mesmo neles intervindo, exorbitando de suas atribuições e judicializando a política.

    A ‘Operação’ é projeto político carente de articulação política que se dá mediante a aliança da magistratura (no caso brasileiro a articulação entre Judiciário, Ministério Público Federal e Polícia federal) com a mídia, que, por seu turno, manipula o apoio da sociedade, pois a conquista da opinião pública é condição necessária para o bom êxito da ação policial-judicial. É ingênuo pensar – diz-nos o juiz curitibano — “que processos criminais contra poderosos possam ser conduzidos normalmente”.

    Esse sistema de elos faz surgir, diz-nos, uma “nova magistratura” que vai colher sua legitimidade, não mais na Constituição, mas diretamente na opinião pública, que, entre nós, é apenas opinião publicada, manipulada por sistema de comunicação que no plano empresarial é oligopolista e no plano ideológico um monopólio reacionário.

    Essa nova fonte de legitimidade, alimentada fora do corpo legal, levada ao limite, legitimaria decisões fora da lei, por estar acima da fonte constitucional, o que justificaria, já falou entre nós um Tribunal Regional Federal, a legitimidade de decisões excepcionais em “tempos excepcionais”, excepcionalidade essa decidida, por óbvio, ao talante do julgador. Estamos em face de limites preciosos pois não muito distantes de um populismo judicial que, se não contido, tudo terá a lembrar-nos o Volksgerichtshof, o Tribunal Popular da Alemanha nazista.

    A deslegitimação da política, ponha-se o que se quiser em seu lugar, é o caminho mais curto para a derrocada do edifício democrático que, entre nós, já dá sinais de abalo com o protagonismo político de ministros, isoladamente, e do próprio Judiciário, como coletivo, quase sempre implicando severos danos à independência e separação dos poderes, e, como sempre, agredindo a ordem constitucional.

    Moro destaca como fator essencial para o sucesso da mani pulite as prisões ‘pré-julgamento’, ensejadoras da coação sem a qual a política de delações (ou confissões), decisiva, não seria possível. O investigado, preso, é levado a colaborar, informado, falsamente, pela imprensa — ator decisivo em todo o processo, na Itália como no Brasil –, de que teria sido delatado em confissão de um comparsa:

    “A estratégia de investigação adotada desde o início do inquérito submetia os suspeitos à pressão de tomar decisão quanto a confessar, espalhando a suspeita de que outros já teriam confessado e levantando a perspectiva de permanência na prisão pelo menos pelo período de custódia preventiva no caso de manutenção do silêncio ou, vice-versa, de soltura imediata no caso de uma confissão (uma situação análoga do arquétipo do famoso ‘dilema do prisioneiro’).

    Além do mais, havia a disseminação de informações sobre uma corrente de confissões ocorrendo atrás das portas fechadas dos gabinetes dos magistrados. Para um prisioneiro, a confissão pode aparentar ser a decisão mais conveniente quando outros acusados em potencial já confessaram ou quando ele desconhece o que os outros fizeram e for do seu interesse precedê-los. Isolamento na prisão era necessário para prevenir que suspeitos soubessem da confissão de outros: dessa forma, acordos da espécie ‘eu não vou falar se você também não’ não eram mais uma possibilidade.”

    Os frutos da mani pulite começam a surgir quando, em 1992, preso, Mário Chiesa, dirigente do PSI, iniciou sua série de confissões/delações, abrindo espaço para novas prisões e confissões, estimulado pelo anúncio de falsas delações. Justifica Moro: “Se as leis forem justas e democráticas não há como condenar moralmente a delação”, que se converte no cerne da operação: como os crimes contra a Administração Pública são cometidos às ocultas, “torna-se difícil desvelá-los sem a colaboração de um participante”.

    Em diversos momentos, Moro defende a prisão como meio de instrução do inquérito, medida que se antecipa ao julgamento, pois, diz-nos, a delação premiada só é possível se o acusado se encontra sob coação:

    “Por certo, a confissão ou delação premiada torna-se uma boa alternativa para o investigado apenas quando este se encontrar em uma situação difícil”.

    Assim, a pena, a mais grave das penas, que é aquela restritiva da liberdade, deixa de ser a conclusão do inquérito e do devido processo, para tornar-se seu vestibular.

    A crise italiana fez brotar uma nova magistratura composta de novos agentes chamados de giudici ragazzii (jovens juízes) cujo grande mérito, palavras de Moro, é não professarem “qualquer senso de deferência em relação ao poder político”.

    O juiz nos fala do ‘largo uso da imprensa’ e da política de vazamento selecionado, aqui um maná nas mãos de jovens juízes e procuradores imaturos em busca de protagonismo e um minuto que seja de fama, tanto quanto de ministros e ministras que não estão sabendo envelhecer.

    Para desgosto dos acusados, diz ele, “(…) A investigação da mani pulite vazava como uma peneira. Tão logo alguém era preso, detalhes eram veiculados no L’Expresso, no La República e outros jornais e revistas simpatizantes. Apesar de não existir nenhuma sugestão de que algum dos procuradores mais envolvidos com a investigação teria deliberadamente alimentado a imprensa com informações, os vazamentos serviram a um propósito útil. O constante fluxo de revelações manteve o interesse do público elevado e os líderes partidários na defensiva.”

    A publicidade – levada entre nós a extremos de irresponsabilidade e sensacionalismo — é exaltada por Moro, ainda quando aumenta o risco de uma acusação falsa, ou quando serve a pantomimas como aquela dos procuradores da chamada força-tarefa da Lava-jato, em Curitiba. A publicidade, manipulada, transforma-se em instrumento crucial para a eficácia das investigações. Seu objetivo não é a informação pública, primeira razão da imprensa na democracia, mas influir no procedimento policial, no qual se confundem, negando os princípios mais elementares do direito penal, juiz, investigador e promotor:

    “A publicidade conferida às investigações teve [na Itália] o mérito salutar de alertar os investigados em potencial [seu objetivo, portanto, não era informar a opinião pública] sobre o aumento da massa de informações nas mãos dos magistrados, favorecendo novas confissões e colaborações. Mais importante: garantiu o apoio da opinião pública às ações judiciais, impedindo que as figuras públicas investigadas obstruíssem o trabalho dos magistrados”.

    Falhando o inquérito, mesmo o inquérito assim manobrado, falhando o julgamento ou mesmo a ele se antecipando, restarão, graças à publicidade e nela o papel da imprensa, o julgamento e a inevitável condenação pela opinião pública. “Nessa perspectiva a opinião pode constituir um salutar substitutivo (da punição judicial), tendo condições melhores de impor alguma espécie de punição a agentes públicos corruptos, condenando-os ao ostracismo” como condenaram – a imprensa e a opinião pública–, faz poucos anos, em São Paulo, os donos da Escola Base, acusados de crimes jamais cometidos.

    Será que o combate à corrupção e à impunidade não poderia dar-se nos marcos do Estado de direito democrático, ou seja, sem tomar sua derruição como sua condição de possibilidade?

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  2. João Claudio diz:

    Dez de cada dez PTralha xiita torcem durante 24 horas do dia pelo ”fim”do Xerife e pela volta do Penta Réu & quadrilha ao poder. Essa minoria está se lixando se o país vai bem ou mal. O importante para eles, é a volta do falso Messias.

    Isso não é FATO. É fa-té- rri-mo e está estampado na testa de todos os PTralha$ que fazem parte do bando, assim como na testa dos CONIVENTES com os roubos do bando que assaltou o país.

    PS- A batata de Dilma começou a assar novamente. A de Lula está no ponto, faltando apenas servir de bandeja à população NÃO C0NIVENTE com os corruptos.

    Aguardem a delicia de ”prato” que o Xerife vai servir em breve.

    Preparem os fogos.

    E salvem o Xerife Moro da raça PTralha maldita e cruel. Eles são capazes de tudo. Celso Daniel que o diga, se vivo fosse.

  3. Marcos Pinto. diz:

    Sou literalmente contrário a exterminação física dele e de outrem, mas que ele merece uma boa sova de porrete de jucá isso ele merece, pra deixar de ser parcial e forjador de arguições acusatórias totalmente divorciadas do que consta nos autos da Operação lava jato. Quando ele grampeou ilegalmente a Presidenta Dilma CORAÇÃO VALENTE cometeu grave crime. Se fosse num pais sério, ele seria imediatamente preso, pois cometeu um configurado crime contra a soberania nacional. Que ele vá, desde já se conformando, porque 2018 está ali bem pertinho, para o povo brasileiro eleger com retumbante vitória o Cara Lula Brasil.

  4. João Claudio diz:

    De o país não ser sério, eu concordo, até porque, se o país tivesse o minimo de seriedade, Lula teria sido preso em 2005 e as algemas de Dilma já estariam sendo polidas pelo Xerife, cujo trabalho é merecedor de todas as honras do mundo. É fato.

    PT NUNCA MAIS.

  5. João Claudio diz:

    SIGNIFICADO DE CONIVENTE:

    1 – Que ou quem, sabendo de algo negativo a ser praticado por outrem, não faz nada para impedi-lo, embora pudesse fazê-lo; complacente, condescendente, transigente.

    2 – Que ou quem é cúmplice; que ou quem se conluiou.

    3 – Que sabe da existência de uma maldade que outra pessoa tem intenção de executar, mas não se opõe à mesma nem faz nada para evitar a sua execução.

    SINÔNIMOS DE CONIVENTE:

    1 – Ajudante

    2 – Cúmplice.

    3 – Aliado.

    4 – Parceiro.

    5 – Que finge não ver ou não perceber o mal que outrem pratica.

    6 – Comparsa.

  6. João Claudio diz:

    Balela das grandes. A realidade nua e crua é que estão tentando linchar o juiz que está trabalhando para prender LADRÕES ilustres.

    Caso o FHC, o Collor ou o Sarney estivessem sendo investigados pela justiça, e o PULHA do Lula NÃO, esses mesmos linchadores estariam aplaudindo o Xerife. Eu e o mundo não temos a menor duvida quanto a isso.

    Para essa ”especie” de gente(????), pimenta no ( * ) dos outros é refresco.

    O que mais me impressiona é ver pessoas que cursaram faculdade, são chamados de ”dotô”(por mim não), usam paletó e gravata no dia a dia e abrem a boca para defender ladrões atolados ate o eixo em grandes assaltos.

    Nem os pobres e analfabetos que moram em rincões, que recebem bolsa família do Lula(???), defendem tanto os ladrões como certos tipos de ”letrados”(???).

    Façam um tratamento. O SUS dispõe de vários psiquiatras em Mossoró e região. Vão ao PAM do Bom Jardim e se informem. É fácil fácil.

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