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quinta-feira - 25/09/2014 - 10:11h
Mossoró

Segmento médico/hospitalar reconhece que caos pode piorar

Diretor do Hospital Wilson Rosado admite até encerrar os atendimentos pelo Sus no início de 2015

Um fracasso de público, mas um êxito quanto ao nível de discussão. É assim que pode ser medida a reunião ampliada para discussão sobre problemas da Saúde em Mossoró, ocorrida no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Subseccional de Mossoró, à noite dessa quarta-feira (24).

A iniciativa foi promovida por um elenco de entidades e instituições privadas, públicas e filantrópicas que compõem parte do sistema de Saúde em Mossoró. Ao final, ficou a disposição de se produzir uma “Carta de Mossoró” à apresentação a representantes da classe política, Estado, Município e União, além de concorrentes ao Governo do Estado.  Um ponto de convergência: ou todos se unem, ou Mossoró terá saúde pública/privada inviabilizada completamente.

Poucas pessoas prestigiaram a reunião, como os vereadores Tomaz Neto e Genivan Vale (Foto: extraída do Twitter)

Tudo pode ficar ainda pior, se é que isso é possível.

A reunião ofertou aos participantes a prerrogativa da intervenção quanto a aspectos diversos da Saúde, em Mossoró.

“”Nunca vi político, deputado, deputada, aparecendo para ser atendido no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM)”, ironizou o anestesiologista Ronaldo Fixina, da Clínica de Anestesiologia de Mossoró (CAM). Para ele, como esse estamento de poder tem meios financeiros e estrutura privada fora de Mossoró, não consegue medir realmente o drama vivido por pacientes, profissionais da Saúde e familiares. A “preocupação” deles com a Saúde é mera peça de retórica.

Passividade do povo

O hematologista Cure de Medeiros, do Hospital do Câncer e Centro de Oncologia e Hematologia de Mossoró (COHM), disse estar assustado com “o silêncio dos bons” e a passividade da própria população, que parece ter começado a considerar natural morte de bebês, falta de assistência mínima e tantos outros sofrimentos. “Um dia essas pessoas vão precisar e talvez não tenham atendimento”, previu ele em relação às elites de Mossoró, mas asseverando que a união de todos pode minimizar o caos. “Eu não vou desistir”, declarou.

A médica Jandira Arlete de Freitas, com atuação no Programa Saúde da Família (PSF) desde 1999, criticou a prioridade na construção de UPA´s (Unidades de Pronto-Atendimento), quando o investimento prioritário deveria ser na prevenção, “onde 805 dos problemas podem ser resolvidos”.  Para ela, Mossoró perdeu o rumo desse investimento, desperdiçando milhões e concorrendo para essa “vergonha”.

O vereador Genivan Vale (PROS), que é bioquímico-farmacêutico e servidor de carreira da Prefeitura, cobrou da classe médica-hospitalar participação nas discussões orçamentárias do município. Segundo ele, endossando palavras de Jandira Arlete, o investimento em UPA´s “é um equívoco” e de grande custo (cerca de R$ 8 milhões/ano). A prevenção é o caminho, para desafogar hospitais.

Gastos supérfluos

O mesmo vereador lembrou, que a Prefeitura de Mossoró despeja mais de R$ 4 ou 5 milhões por ano em festas, de R$ 5 a 7 milhões em propaganda, numa inversão de prioridade. Também lembrou que o próprio prefeito Francisco José Júnior (PSD) admitiu ter encontrado rombo de mais de R$ 46 milhões, superfaturamento em insulina e gás hospitalar, mas isso não gerou nenhum desdobramento. “Tem dinheiro”, identificou.

Outro raro político presente foi o vereador Tomaz Neto (PDT). Para ele, a crise na Saúde é indisfarçável, mas é também “uma crise moral”, que precisa ser discutida como fonte de boa parte dos problemas.

DIRETOR do Hospital Wilson Rosado (HWR), o cardiologista Bernardo Rosado previu que poderá fechar o atendimento ao sistema SUS no início do próximo ano. Em sua visão, a questão é política e torna-se imprescindível reajuste na tabela desse serviço público. “Está praticamente impossível”, definiu ele.

Representando o Grupo de Ortopedia e Traumatologia de Mossoró, o ortopedista Manoel Fernandes lembrou que há uma relação de favorecimento à Saúde da capital, em detrimento do interior. Procedimentos pagos na capital, pelo Estado, são acima do que é ofertado a Mossoró. E os serviços são os mesmos. Os governadores até aqui, incluindo a mossoroense e pediatra Rosalba Ciarlini (DEM), desprezaram o interior.

Em Natal, o Estado garante 60% do pagamento em “plus” e a Prefeitura suplementa com 40%. Em Mossoró, isto não existe. É como se Mossoró não fizesse parte do Rio Grande do Norte.

Fechamento

O farmacêutico André Néo, representando a Associação Proteção e Assistência à Maternidade e Infância de Mossoró (APAMIM), disse que a crise hospitalar é nacional, atingindo hospitais privados e até os filantrópicos. Vários fecharam em Mossoró e estão encerrando atividades pelo país. Mas também apontou que em Natal, por exemplo, o que é pago por uma UTI é o triplo do que a Casa de Saúde Dix-sept Rosado (CSDR) recebia.

A reunião contou com a escassa cobertura da imprensa de Mossoró. Por lá, apenas o editor deste Blog e o jornalista Cézar Alves. Nem TV, nem rádio, nem jornal impresso. Dos cerca de 320 médicos que atuam em Mossoró, cerca de 12 presentes. Da classe política, tão-somente os vereadores Tomaz Neto e Genivan Vale.

A secretária da Saúde do Município, Leodise Cruz, compareceu. Mas evitou falar. Apenas ouviu, ouviu, ouviu…

Do outro lado da cidade, no Expocenter, estava ocorrendo abertura da Feira de Fruticultura (Expofruit), com maciça presença de políticos, imprensa, além dos mais variados segmentos da sociedade.

O encontro foi promovido pela Associação Proteção e Assistência à Maternidade e Infância de Mossoró (APAMIM), Centro de Oncologia e Hematologia de Mossoró (COHM), Clínica de Anestesiologia de Mossoró (CAM), Clínica de Cirurgia de Mossoró, Grupo de Oftalmologia de Mossoró, Grupo de Ortopedia e Traumatologia de Mossoró, Grupo de Pediatria de Mossoró, Hospital Wilson Rosado (HWR) e Núcleo de Ginecologia e Obstetrícia de Mossoró.

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Categoria(s): Reportagem Especial / Saúde

Comentários

  1. LINDEMBERG GOMES diz:

    O médico anestesiologista DR. Ronaldo Fxina fou muito feliz em sua fala quando disse que nunca viu um POLÍTICO, da cidade de Mossoró, procurar o Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), para qualquer tipo de procedimento médico em benefício próprio. Claro! VEREADORES(AS), PREFEITOS(AS), DEPUTADOS(AS) ESTADUAIS, DEPUTADOS(AS) FEDERAIS, ETC. CLARO, ELES GANHAM MUITO BEM! POR QUE IRIAM BUSCAR SERVIÇOS MÉDICOS NUM HOSPITAL QUE ELES JÁ CONHECEM COMO FUNCIONA? Da mesma forma podemos nós EDUCADORES DIZERMOS com relação a EDUCAÇÃO PÚBLICAS (ESCOLAS PÚBLICAS) do nosso ESTADO. Qual POLÍTICO colocaria seu FILHO numa escola PÚBLICA? NENHUM. Essa é a RESPOSTA.

    • Francy Granjeiro diz:

      SIM,É VERDADE ELES NAO COLOCAM SEUS FILHOS EM ESCOLA PÚBLICAS,MAIS ELES SE INSCREVEM NO ENEM…KKKKKKK
      SAO POUCOS QUE VAO PARA FACULDADES PARTICULARES PORQUE SAO CARÍSSIMAS, E SE VÃO, ENTRAM FACINHO DEPOIS FAZEM O FIES .KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
      #‎PARAORNSEGUIRMUDANDO‬
      ‪#‎FATIMACANDIDATADELULAEDILMA‬
      ‪#‎NAOSEMECHECOMTIMEQUEESTAGANHANDO‬
      ‪#‎DILMA13‬ ‪#‎FATIMA131ROBINSON55‬

  2. Francy Granjeiro diz:

    SÉRIO?????????? ELE FALOU ISSO?????????????? O DIRETOR do Hospital Wilson Rosado (HWR), o cardiologista Bernardo Rosado previu que poderá fechar o atendimento ao sistema SUS no início do próximo ano. Em sua visão, a questão é política e torna-se imprescindível reajuste na tabela desse serviço público. “Está praticamente impossível”, definiu ele……
    Será que ele estar prevendo as priminhas duas tres ou mais não se elegerem??? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Ora, se elas estivem indo de vento em poupa com certeza ele nao diria isso ué!!!
    OOOOOOOOHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH DOUTOR!!!!!

    • Antonio Augusto de Sousa diz:

      Francy, o PROBLEMA é que os TRÊS GOVERNOS do PT, não aumentaram o VALOR das IHs do SUS, para INTERNAMENTOS!

      Peço que vc CONVERSE COM QUEM ENTENDE!!!

  3. ROBERTÃO diz:

    A culpa de tudo isso é da família política ROSADO,quem trouxe o Hospital da Mulher!? ROSALBA ROSADO,sua prima Fátima Rosado conhecida como FAFÁ,prima de SANDRA ROSADO que é amiga de IZABEL MOTENEGRO que é amiga de HENRIQUE ALVES,o melhor amigo de JOÃO MAIA,que é amigo de CLAUDIA REGINA que é amiga de ZÉ AGRIPINO MAIA e FELIPE MAIA,que voltaram a ser amigos de WILMA DE FARIA,que era MAIA,depois não foi mais,que não é mais inimiga de GARIBALDI ALVES,em suma,esse magote tem o controle quase total dos currais eleitorais do RN e da pseudo Câmara de vereadores de MOSSORÓ,montaram um palanque que eles chamam caravana da mudança,uma tragédia dessas,crianças natimortas e eles nem tchuiu!Ô RN sem sorte,sem norte,fedendo a morte!Ministério Público! Judiciário,autoridades em geral! PELO AMOR DE DEUS,ajudem a essas crianças a terem pelo menos o direito de nascer!Ensinem a esse MAGOTE DE NAZIFASCISTAS a não brincar com a vida humana! Só pensam em se eleger……………..só nos resta a indignação por que a resignação com isso é quase impossível.É só!

  4. Jandira diz:

    Só uma correção. Investir na Atenção Básica é muito mais do que investir em prevenção. Trata-se de organizar a assistência de forma correta e inteligente pois as equipes de ESF são coordenadoras da assistência individual de cada pessoa que está sob seus cuidados e faz parte de sua área de abrangência. Deve fazer isto sem perder a visão dos indicadores coletivos de sua área de abrangência. Precisamos abrir os olhos e investir na canto certo.
    Teremos um melhor efeito dos nossos recursos e uma assistência mais digna.Lógico que para isto acontecer, faz-se necessário que a gestão dê condições de trabalho as equipes da ESF. Coisa que não tem acontecido, já que a prioridade são UPAS.

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