Uísque em velório
Seguidor político e amigo do deputado federal Vingt Rosado, o empresário (e ex-prefeito mossoroense) Alcides Fernandes da Silva, o “Alcides Belo”, procura incessantemente o parlamentar na cidade.
Os locais de hábito do deputado são contactados, sem sucesso. Mas ele não desiste.
Alguém então o informa, que o deputado estaria na casa do industrial Aldo Fernandes.
No endereço indicado, que tem considerável aglomeração de pessoas, Alcides visualiza Vingt num ponto mais remoto e reservado, ao lado de outros circunstantes.
– Doutor Vingt, eu quero conversar com o senhor… (e blá-blá-blá) – emenda Alcides Belo.
Rosto circunspecto, ensimesmado, Vingt mantém-se silente. Não entabula conversa alguma.
Infla o cenho, aborrecido. Faz bico e torce o pescoço angustiado na gravata que lhe parece mais apertada…
Para tentar arrancar pelo menos um monossílabo do deputado e descontrair o ambiente que lhe parecia carregado, Alcides Belo encontra uma saída. Resolve quebrar o gelo.
– Que festa de aniversário é essa que não tem sequer um uisquezinho? – indaga, com os braços alargados.
Com as próprias mãos comprimindo as coxas, como se fosse arrancá-las, Vingt Rosado explode:
– Larga de ser besta, Alcides! Você não está vendo que isso aqui é um velório!?
* Texto originalmente extraído do livro “Só Rindo – A política do bom humor do palanque aos bastidores” (1)
Faça um Comentário