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domingo - 23/10/2016 - 16:54h

Soluções paliativas ofuscadas pela prisão de Cunha

Por Carlos Duarte

Na semana passada, o governo Temer anunciou duas medidas, que teriam como objetivos a melhora do nível de confiança do investidor e a geração de uma expectativa positiva na demanda de mercado. Especificamente: as reduções dos preços dos combustíveis e a retração de 0,25% na taxa básica Selic.

Mas, a equipe econômica não contava com a prisão do ex-deputado Eduardo Cunha – que tomou conta do cenário nacional e acabou ofuscando a estratégia do governo.

Apesar da tentativa de impor uma agenda positiva para as estratégias econômicas, as soluções encontradas são, ainda, tímidas, pontuais e desconexas com os principais fundamentos macro e micro econômicos.

A tímida redução do preço dos combustíveis, promovida pela nova política de preços da Petrobras, não teve reverberação na ponta do sistema, ou seja, nas bombas dos postos de abastecimentos. Isso porque a redução do preço da gasolina foi menor do que o aumento do etanol adicionado na mistura. Em algumas cidades, houve aumento do preço da gasolina e do etanol, enquanto o diesel reduziu ínfimos R$ 0,02.

Por outro lado, a redução da taxa Selic (0,25%) foi muito incipiente diante dos juros reais de mercado. Ou seja, é irrelevante para o setor produtivo – que continuará pagando os mesmos juros reais, elevadíssimos, do cartão de crédito, cheque especial, financiamentos e CDCs. Um dos fatores que impediu o BC a reduzir de forma mais drástica e rápida a taxa Selic foi a resistência da inflação de serviços, que apresenta sinais de repique.

No último biênio, 2015/2016, a contração do PIB pode ficar em torno de 7%, com recuo da renda per capita, no mesmo período, superior a 8%. Este cenário está tendo um efeito devastador no mercado de trabalho. Isso tem afetado o comportamento da renda real que, segundo o IBGE, caiu 1,7%, no último trimestre, já descontada a inflação. Ainda é preciso considerar a inércia – fenômeno pelo qual a inflação passada alimenta a futura, numa economia com grau elevado de indexação, como a brasileira.

Os sucessivos erros na condução das politicas econômicas nacional, principalmente nos últimos quinze anos, levou o País a atual recessão e a uma das crises econômicas mais severas da história do Brasil. Os desgovernos propiciaram inúmeras externalidades que, agora, precisão ser resolvidas ou até mesmo internalizadas.

Um estrago como esse não se resolve como um passe de mágica em nenhuma economia do mundo. A saída demanda tempo, planejamentos integrados, projetos sustentáveis e muitos sacrifícios da população. Mas, o que se percebe é exatamente o contrário: implementações de ações pontuais, não integradas, sobretudo, uma ansiedade crônica e ávida por soluções paliativas que certamente poderão, futuramente, potencializar os graves e atuais problemas.

Se não houver uma rápida correção de rumo na atual condução das políticas econômicas do Brasil, poderemos estar assistindo a mais um engodo, promovido por estratégias de manutenção de poder, com a geração de falsas expectativas em detrimento da retomada do crescimento sustentável.

SECOS E MOLHADOS

Rebaixamento – O Rio Grande do Norte, juntamente com os estados do Piauí e Paraíba, teve seu rating rebaixado junto ao Tesouro Nacional e sai do rol de Estados aptos a receberem aval da União. A queda de arrecadação, elevação da dívida e aumento das despesas com a folha de pagamento são os principais motivos para o rebaixamento da classificação de risco, de B+ para C-, evidenciando a piora da situação financeira do governo Robinson Farias.

Incapaz – A propósito, para azar dos norte-rio-grandenses, o governo Robinson Faria (PSD) está se configurando em mais um caos administrativo. Em quase dois anos de governo, ainda não conseguiu equacionar sequer os fundamentos básicos que os princípios da gestão pública recomendam. Pelo perfil demonstrado, até agora, dificilmente conseguirá reverter a crise em que se encontra o RN. Faltam-lhe competência, visão empreendedora e articulação política, entre outras ações indispensáveis à administração pública.

Expectativa – Ninguém espere uma gestão salvadora da prefeita eleita Rosalba Ciarlini (PP), logo de saída ou no curto e médio prazo. A situação financeira da Prefeitura de Mossoró é muito grave (de quase insolvência). Por outro lado, as perspectivas do cenário econômico nacional e regional ainda são muito sombrias e insustentáveis. Acrescente-se, que o passado recente de Rosalba, como governadora, a revelou incapaz como gestora de crises, sendo eleita como a pior governadora do Brasil. Resta aos mossoroenses a esperança de que ela tenha aprendido com os erros do passado e, agora, acerte na gestão futura.

Carlos Duarte é economista, consultor Ambiental e de Negócios, além de ex-editor e diretor do jornal Página Certa

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Categoria(s): Artigo / Economia

Comentários

  1. Carlos Andre diz:

    Esta mais do que provado que politico profissional sabe fazer politicalha, administrar, gerir é outra coisa, então quando aparecer um gestor da iniciativa privada se postulando numa campanha querem deprecia-lo, hora estamos cansados de ver a incompetencia de gente que só sabe fazer conchavo politico para roubar.

  2. Carlos Andre diz:

    Melhor será ver aquele batalhão de gente que trabalhou para a rosa esperando receber aquela boquinha na prefeitura, e infelizmente constatar que a próxima gestão não conseguirá sequer fazer o feijão com arroz, pois as gestões anteriores da rosa só fez acontecer pelo simples motivo de que naquele tempo existia dinheiro a fole, hj a velha peroba não mais contribui para a fartura de recursos na prefeitura.

  3. naide maria rosado de souza diz:

    Artigo muito bom, de fácil entendimento e equilibrado. Parabéns, Economista Carlos Duarte.
    Quanto à Rosalba Ciarlini, deposito grandes esperanças em sua gestão. Teve sucesso em outros momentos e, o atual, será um desafio à mulher competente que é. Um desafio.

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