• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
terça-feira - 11/07/2017 - 21:14h
Situação delicada

Enxugamento de hospitais regionais é decisão corajosa e difícil

Pelo menos sete hospitais regionais do Rio Grande do Norte vão perder esse status. Vão mudar de nomenclatura e também de foco, com maior atuação na atenção básica. Mas o enxugamento não para por aí.

Lagreca: desde 2015 havia planos para essa mudança (Foto: Blog Carlos Santos)

Ninguém deve estranhar essa decisão da administração Robinson Faria (PSD), com endosso do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) e Governo do Estado (veja AQUI) dão esse encaminhamento que desde 2015 Robinson Faria (PSD) trabalha.

Foi uma ideia que começou a ser planificada pelo então secretário de Estado da Saúde Pública, Ricardo Lagreca, que saiu da pasta antes de conclui-la.

O estado possui 23 hospitais regionais.  No vizinho Ceará, de população e território bem maiores, não existem tantos. A aposta lá é a pulverização de policlínicas regionais, unidades de saúde reduzidas em estrutura, contudo mais dinâmicas.

O outro lado

Na prática, nenhum hospital regional no RN funciona a contento. Falta de tudo, quase tudo. De esparadrapo a médico. Além desses sete, outros tantos vão encolher. É, de fato, um excesso de custo e de ineficiência.

O governador tem coragem de enfrentar uma situação muito delicada, que é tratada em todos os municípios e regiões afetados, prioritariamente sob a ótica político-eleitoral. Nenhum outro enfrentou esse problema de frente, exatamente por temor político-eleitoral.

O outro lado dessa moeda, é o que de fato ocorrerá no “day after” (dia seguinte) à mudança.

O governo tem 60 dias para apresentar um plano de enxugamento dessa estrutura regional, para que alguns sejam transformados em Unidades de Pronto-atendimento (UPA’s), Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) ou outro formato adequado. UPA’s, uma reengenharia mais complexa e alto custo, que se diga.

Remanejamento de pessoal

Mais 120 dias “para fazer o remanejamento de pessoal, equipamentos, insumos e recursos orçamentários dos hospitais desativados de forma a assegurar a composição integral de equipes dos hospitais que permanecerão como referências da rede”, diz o TAC.

Tomando-se Mossoró como exemplo, causa apreensão a ideia de enxugar essa rede com capilaridade em todo o estado, para redução de despesas e maior eficiência. Esse sincronismo – menor gasto e melhoria no atendimento – não é o forte da coisa pública.

Em setembro do ano passado, a gestão Robinson fechou acertadamente as portas do Hospital da Mulher Parteira Maria Correia, que desde seu nascedouro fora um ralo do dinheiro público. Foi inaugurado às pressas no dia 9 de março de 2012 (ano de eleições municipais renhidas) na gestão Rosalba Ciarlini (PP), eivado de denúncias de corrupção. Há casos até de bloqueio de bens de supostos envolvidos (veja AQUI).

Primeiros hospitais regionais que passarão por mudança

Hospital Regional Prof. Dr. Getúlio de Oliveira Sales (Canguaretama); Hospital Regional Dr. Aguinaldo Pereira (Caraúbas), Hospital Regional (João Câmara), Hospital Regional Dr. Odilon Guedes (Acari), Hospital Regional (São Paulo do Potengi), Hospital Regional (Angicos) e Hospital Regional (Apodi).

Robinson também reduziu o Hospital da Polícia Militar em Mossoró a atividades ambulatoriais.

Mas paralelamente, a grande economia feita nessa otimização de gastos não se converteu em melhoria instantânea à saúde mossoroense e regional. A ladainha continua, as queixas não param e o governo segue seu contorcionismo para liberação de recursos prometidos.

A história vai se repetir numa escala ainda maior? Pode ser que sim. Esperemos que não.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo Twitter clicando AQUI.

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Categoria(s): Política / Saúde

Comentários

  1. Marcos Pinto. diz:

    Está bem pertinho de darmos um rotundo pé na bunda desse crápula-governador. Nunca mais ele se elegerá a coisíssima nenhuma. Vade retro tampo do quinto dos infernos!.

  2. Nestor Gomes Duarte Júnior diz:

    Texto copiado direto do TAC, para não restar dúvidas que trata-se de uma desativação dos hospitais:
    3.2 РElaborar plano de reviṣo do quantitativo e hospitais da rede, com base em crit̩rios de
    otimização dos recursos orçamentários escassos e indicando a conversão de hospitais que não
    apresentam condições estruturais de atendimento pleno para Unidades de Pronto-atendimento, UBS
    – Unidade Básica de Saúde, Sala de Estabilização ou outro formato adequado, devendo ser
    avaliados, especialmente, as seguintes unidades com justificativa expressa de manutenção ou
    readequação:
    Hospital Regional Prof. Dr. Getúlio de Oliveira Sales – Canguaretama
    Hospital Regional Dr. Aguinaldo Pereira – Caraúbas
    Hospital Regional de João Câmara
    Hospital Regional Dr. Odilon Guedes – Acari
    Hospital Regional de São Paulo do Potengi
    Hospital Regional de Angicos
    Hospital Regional de Apodi
    3.3 РElaborar cronograma de desativa̤̣o dos hospitais definidos no plano de reviṣo citado na
    cláusula anterior, em prazo não superior a 120 (cento e vinte) dias, ou transferência da estrutura
    física das unidades desativadas para entes municipais;

    • Carlos Santos diz:

      NOTA DO BLOG – A maioria das pessoas prefere debater ou bater boca, sem ler.

      Lendo, fica fácil perceber o que se pretende, os eufemismos e discursos enviesados no caso.

      Abraços

  3. Andrea linhares diz:

    Calma gente, o governo diz q vai disponibilizar ‘serviços de saúde móveis’ para a população! Deverá ser tudo bem organizadinho com entrega de ficha que deve vir até com a carteirinha grátis, com o santinho do governador nas costas, ah e para ajudar o querido ‘povo-eleitor, os carros móveis’ deverão circular com grandes fotos dos ‘bonitoes’ Farias. Tudo prá ajudar o povo, claro! Rs
    Se a legislação permitisse nao duvido que esse governo tivesse a ‘cara de pau’ de fazer isso pelos grotoes do agreste e alto oeste, aliás por todo RN, exceto Pipa E Natal, claro, já q para o atual governo esse RN todo é um grande grotao, onde se pode chegar, mentir fácil e trocar de modo igualmente fácil esmolas por votos…uma barriga cheia aqui, um pão com café ali, uma habilitação acolá, um exame móvel…pronto! Já terá plenas condições de se reeleger! E assim caminha o RN rumo ao (sub)desenvolvimento!
    2018: tempo do povo cassar mandatos! E tenho fé q o RN saberá dar a resposta a esse governo mediocre e engabelador!

  4. François Silvestre diz:

    Quer dizer que se não funciona a culpa é do hospital e ele será extinto como punição. E por que Lagreca caiu se estava certo? Partindo dessa premissa, fechemos o Rio Grande do Norte e o anexemos à Paraíba. Seremos apenas um “Estado” ambulatorial. Né não?

    • naide maria rosado de souza diz:

      François Silvestre. Sermos anexados à Paraíba. Uma ideia. Mas você está me levando a lembranças, nem sempre muito pertinentes ou suaves, diante da gravidade do assunto.
      Nenhum desrespeito à Portugal, de onde vêm meus ancestrais.
      “Portugal na última guerra,
      nem lutou, nem acovardou-se,
      cobriu a cidade com um pano,
      escreveu em cima,
      Portugal mudou-se…”

  5. naide maria rosado de souza diz:

    Seguinte: antes de fechar qualquer hospital, o novo atendimento deve estar pronto. Não acredito nisso, assim como desconfio da execução da obra do nosso aeroporto. Que companhias aéreas desejem aterrissar na cidade, acredito. Até a de Dubai, mas vão fazê-lo sobre palavras e papeis. Milagres acontecem…não se pode perder de todo a esperança, ainda mais se ela estiver sob os auspícios de novas eleições.
    Recebi informações sobre o Hospital Regional de João Câmara. Segundo essas notícias, o HRJC tem condições de prosseguir, inclusive com estoque de medicamentos. Ontem, gritei por esse hospital. A informação me foi prestada por pessoa que esteve internada lá. Paciente maltratado não louva quem não lhe deu atendimento.
    Fechamento sem reposição de melhor assistência é temeridade.
    Basta raciocinar. As doenças serão as mesmas, o número de doentes será o mesmo. Então, vamos atrás dos remédios para as enfermidades. Por exemplo: a insulina chegou a Mossoró? Em quantidade suficiente para daqui a poucos dias não estarmos correndo atrás dela? Soube que há uma burocracia para acesso. Recebemos de presente o Método Gutemberg Dias…que a administração aproveite.
    Aqui no RJ, fecharam quase de supetão, um desses hospitais…digamos, sem estrutura,razão que apontam. Vejo um povo desesperado com indicação para procurar outro hospital. Santo Deus, havia pessoas com cirurgia marcada, consultas marcadas. Vejo uma senhora, aos prantos, suplicando por seu médico:”cadê o meu médico? cadê o meu médico? ele ia me operar daqui a dez dias.”
    Se justificam a mudança na manutenção de elefantes brancos, que disponibilizem o elefante pequeno e azul repleto de medicamentos, materiais e médicos, muito bem equipado e de operação sustentável, antes de acabarem com o que existe…precário, sem nada, mas com algum médico, algum remédio. Antes de fecharem aquela porta desmantelada, mas para a qual se corre no desespero, ofereçam outra, a eficiente, a que vai direcionar devidamente os recursos do estado com a saúde.
    Não pode haver espaço de tempo entre fechamento e abertura. Se existir esse espaço de tempo, que Deus mande seus anjos proteger as cidades, que o povo não adoeça, que ninguém sofra acidentes, nem mesmo quedas, que os mosquitos se aquietem…que os portadores de doenças crônicas contem com a compaixão de seus semelhantes. Porque se existir esse espaço de tempo, morre-se sem ter o direito de procurar A PORTA DESMANTELADA .
    Se a procura é por melhora na saúde, SAIBAM FAZER A TRANSIÇÃO.

  6. Marcos Pinto. diz:

    Realmente é corajosa a partir do momento que ele o governador-crápula pensa que pode fazer o povo potiguar de um bando de bestas, idiotas.

  7. Carlos diz:

    ” Decisão corajosa e difícil ” kkkkkkkkkk. Esse pessoal está se perdendo na política, se sairiam bem melhor no picadeiro !!

  8. Lindemberg Mendes diz:

    O Governo Estadual tem a obrigação de investir em todos os hospitais regionais, mas não o faz. Promove de propósito um verdadeiro sucateamento e depois vem a público dizer que esses hospitais não têm condições de funcionarem. No Hospital Regional Helio Morais Marinho temos profissionais capacitados e comprometidos com a saúde de todos que procuram e precisam dos seus serviços. Em alguns plantões os profissionais chegaram a fazer uma “vaquinha” a fim de comprar insumos. Na verdade, o governo deveria investir, dar condições plenas para que esses hospitais funcionassem com sua capacidade total de resolução e não fecharem e transferir a responsabilidade para outros hospitais, como o Tarcisio Maia. Me digam: e as pessoas de Apodi e região que precisarem de um internamento? Terão que se deslocar até Mossoró? E quando chegarem, será que terão um leito disponível?

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