• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
quarta-feira - 12/12/2007 - 10:49h

A hora da estrela de Marcos Ferreira

Li há alguns dias mais um artigo superior, do ótimo Mauro Santayanna, jornalista de longo curso. Falava de liberdade de expressão, poder e o ofício do comunicador.

Mauro defendia o fim da "Lei de Imprensa", tese com a qual me apego há anos. Não faz sentido lei especial, quando temos legislações cível e penal capazes de estabelecerem direitos e deveres, com sanções em casos de abuso tipificado do verbo.

Esse "nariz de cera" (abertura cheia de rodeios, sem ir direto ao ponto), é-me útil. Serve para lembrar um trecho do que escrevera o jornalista, quanto à relação entre o mando e a inteligência contestadora. Para ele, o primeiro não sabe conviver com o segundo, daí as perseguições implacáveis.

Vemos o retrato da intolerante e obtusa elite política de Mossoró, punindo o escritor e poeta Marcos Ferreira. Nesta quarta (12), às 18h, na livraria "Café & Cultura", Marcos lança o livro "A hora azul do silêncio", para desapontamento dessa gente.  

A conquista é fruto de concurso de âmbito nacional, vencido em 2006, "Prêmios Literários Cidade de Manaus," categoria "Melhor Livro de Poesias." O poeta mossoroense superou cerca de 200 concorrentes de todo o país. 

Sua noite de autógrafos é patrocinada pela Prefeitura de Manaus (AM) e a Universidade Federal do Amazonas, mas ignorada pelo poder público nativo. O porquê? Marcos pensa e deixa eclodir suas preocupações sociais, na terra da utopia cor-de-rosa.

Manaus? Bem, ele não a conhece, mas já a admira por descobri-lo.

O mandonismo atrasado da política mossoroense, que transforma cidadãos em répteis, não aceita a glória fulgurante de um "comum", vindo das entranhas da pobreza periférica, sem a extração ‘superior’ dos bem-nascidos. Essa poda excludente não é exceção. Virou regra. Apenas uma "panelinha" tem vez.

Por aqui chegamos a testemunhar uma campanha burlesca para tornar Mossoró a "Capital Brasileira da Cultura." Quanta desfaçatez e cinismo. 

A obra de Marcos Ferreira é uma resposta silenciosa e retumbante à mediocridade cultural, à politicalha primitiva e à ignorância institucionalizada pela Prefeitura de Mossoró, no governo da prefeita Fafá Rosado (DEM). Perseguido como inimigo do regime, ele esgrima com uma produção intelectual superior. Fere de morte a estupidez familiar, que se instalou no Palácio da Resistência.  

Eles vão se obrigando a testemunhar que não podem tudo.  Dignidade é um vocábulo que Marcos Ferreira ensina poeticamente.

Compartilhe:
Categoria(s): John Deacon

Comentários

  1. Honório de Medeiros diz:

    Caro amigo, caro irmão, assino com você essa crônica sua acerca do nosso querido Marcos Ferreira e aproveito para invejar vivamente o fêcho que lhe foi dada – soberbo.

    Um abração.

    Honório de Medeiros

  2. JESSÉ DE ANDRADE ALEXANDRIA diz:

    Ao meu (velho) amigo Marcos Ferreira:

    Cair-me-á nas mãos, após muitos anos,
    O seu escrito – maravilhosamente –
    Relembrando-me a época em que iniciamos a amizade,
    Quando não mais nos fizemos aprendizes…
    E já não teremos cabelos grisalhos,
    Ultrapassado, de há muito, o tempo dos falsos pudores.
    Como antes, ainda me considerarei seu amigo…

    (uma brincadeira parodiada de An Meinen Alten Freund Peter Schlemihl – de Adelbert von Chamisso, em A história maravilhosa de Peter Schlemihl).

    Diferentemente de Peter Schlemihl, não vendemos (nem venderemos) nossa sombra ao diabo…

    “Ars longa” ao “passarinho” Marcos Ferreira! Porque “passarão” em breve!

    Jessé.

Faça um Comentário

*


Current day month ye@r *

Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2024. Todos os Direitos Reservados.