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domingo - 20/08/2017 - 11:34h

A saúde municipal à luz do PMAQ – II

Por Gutemberg Dias

Hoje vamos continuar a série de artigos sobre os dados do PMAQ-AB (Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB)) com foco no município de Mossoró. No domingo passado (veja AQUI), começamos a desfiar aspectos relacionados a esse dispositivo e sua importância à saúde pública.

Saliento que os dados fornecidos pelo programa são de suma importância à gestão do SUS e devem ser o norteador das ações de melhoria do sistema.

No último artigo falamos sobre a infraestrutura, o apoio da gestão às equipes que desenvolvem a Atenção Básica e percepção do usuário em relação ao atendimento. Já hoje vamos tratar do acesso, acolhimento e agenda da equipe.

Para o acesso aos serviços da Atenção Básica, é fundamental que a população reconheça que as unidades básicas de saúde estão ali, próximas a seu domicílio, e podem resolver grande parte de suas necessidades em saúde. Essa percepção garante ao usuário a certeza de poder acessar a unidade com rapidez quando de sua necessidade.

Os dados colhidos no PMAQ-AB mostram que 63% dos usuários chegam a uma UBS em 10 min e que 94% chegam em 30 min, ou seja, o tempo de chegada é muito bom e mostra que os equipamentos estão bem distribuídos no âmbito do município, corrobora com essa informação a avaliação do tempo de chega a UBS onde 79% diz ser fácil ou muito fácil.

Atendimento falho

De outro lado a facilidade de chegada aos equipamentos da Atenção Básica não se refletem no tempo de atendimento. Após a chegada do usuário na UBS apenas 8% são atendimentos até 10 min, se aumentar o tempo de espera para 30 min apenas 9% conseguem ser atendido. Ampliando esse tempo para 60 min apenas 40% dos usuários são atendidos por um profissional para resolução do seu problema de saúde.

Em relação ao acolhimento é importante que a demanda espontânea ocorra durante todo o funcionamento da UBS. Em Mossoró os dados mostram que 65,5% dos equipamentos realizam acolhimento durante os cinco dias da semana, mas vale destacar que a média no estado é de 96,2%, ou seja, é preciso que a gestão tenha atenção quanto a esse ponto.

Ainda de acordo com os resultados do 2º ciclo do PMAQ, para melhor atender às necessidades dos usuários do município de , as UBS deveriam funcionar aos sábados (27,98%), domingos (13,3%), mais cedo pela manhã (15,6%) e no horário do almoço (13,76%).

Quanto à agenda da equipe (visita domiciliar, atividades de educação em saúde etc) os dados mostram que ela é bem cuidada e garante a amplitude dos serviços junto a população. Esse informação denota que a equipe é integrada ao sistema e que a manutenção da agenda é um dos desafios da gestão da Atenção Básica.

Já em relação a marcação de consulta que deveria ser de forma continuada apenas 23,6% da UBS’s realizam agendamento em qualquer dia da semana e em qualquer horário, no estado essa forma de marcação é de 48,4 e no Brasil 59,8%. Na contramão do que preconiza o Ministério da Saúde 76,4% realizam agendamento em horários ou dias específicos, dessa forma, restringindo o acesso do usuário aos serviços de consulta.

Pois bem, analisando as informações contidas no relatório observa-se que a rede de atendimento está bem distribuída, haja vista o fácil acesso e, também, o baixo tempo de chegada dos usuários aos equipamentos da Atenção Básica, sendo um ponto positivo que a gestão deve trabalhar junto aos usuários.

Um ponto negativo é o tempo de espera para ser atendido, ou seja, o usuário consegue chegar rápido ao equipamento, mas não consegue ser atendimento na mesma proporção. Essa deficiência causa sérios danos a imagem do sistema e, consequentemente, a gestão municipal. É preciso que seja repensada a estrutura de funcionamento interna das UBS’s.

Outro ponto negativo é com relação à marcação de consulta não ocorrer todos os dias da semana e a qualquer hora. O estabelecimento de horários e dias específicos para marcação de consulta restringe o acesso dos usuários a esse serviço, bem como, tende a gerar as famigeradas filas nas madrugadas nas portas das unidades.

Na semana que vem vamos falar sobre a resolutividade na Atenção Básica.

Gutemberg Dias é graduado em Geografia, mestre em Ciências Naturais e ex-Secretário de Planejamento de Mossoró

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. RAIMUNDO NONATO SOBRINHO diz:

    A VERDADE É QUE ESTES NÚMEROS ESTÃO MUITO DISTANTE DA REALIDADE, E QUANDO O ASSUNTO FOR RESOLUTIVIDADE A COISA PIORA.

  2. naide maria rosado de souza diz:

    Muito bem , Gutemberg Dias! Acompanhando o seu trabalho.

    • Gutemberg Dias diz:

      Obrigado pela leitura Naide. Espero estar podendo contribuir, mesmo não tendo nenhum alinhamento político com gestão, com ideias que possam ser aproveitadas. Antes de qualquer querela política vivo em Mossoró e quero o melhor para a cidade e seus habitantes, sejam quem for o prefeito da hora.

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