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segunda-feira - 04/01/2016 - 09:22h
Mossoró

Médicos mostram precariedade de UPA’s e cobram Prefeitura

Quase 50 médicos que atuam para a Prefeitura de Mossoró, em plantões nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPA’s), apresentam o que definem como “Carta de Esclarecimento à População Mossoroense”.

Esse grupo mostra sua versão sobre o relacionamento com a empresa terceirizada – Serviços de Assistência Médica e Ambulatorial Ltda – SAMA – que presta o serviço e em relação à própria Prefeitura.

UPAs mossoroenses convivem com problemas delicados apontados por médicos (Foto: De Fato)

Atestam que há vários dias as UPA’s estão com plantões incompletos. Caminha-se para uma debandada em massa de médicos, que querem transparência sobre os contratos, melhores condições de trabalho, meios adequados ao atendimento ao público e pagamento salarial regularizado.

Veja abaixo:

Carta de esclarecimento à população Mossoroense

Através deste comunicado prestamos esclarecimentos à população da cidade de Mossoró-RN e aos usuários das Unidades de Pronto Atendimento – UPA’s (Santo Antônio, Alto de São Manoel e Belo Horizonte) em razão da veiculação por parte da mídia do “afastamento” de alguns médicos destas unidades de saúde.

A princípio cabe esclarecer que, aproximadamente, 50 (cinquenta) médicos que prestavam serviços às unidades acima mencionadas através da empresa Serviços de Assistência Médica e Ambulatorial Ltda – SAMA solicitaram, temporariamente, o afastamento da escada de Plantão.

Na qualidade de Médicos sempre procuramos desempenhar nossas atribuições com honra e dignidade, em absoluto respeito aos cidadãos e em benefício deste. Ocorre que o serviço prestado não depende, apenas, da mão de obra humana, mas também de condições de trabalho e infra estrutura.

Assim, estamos sendo obrigados a trabalhar sem qualquer condição mínima ou digna de trabalho, com consultórios com ar condicionado quebrado, cadeiras em mau estado de conservação, repouso dos médicos com colchões velhos, falta de toalhas, banheiro com sanitários inoperantes, dentre outras condições inóspitas.

Além disto, nos deparamos, diariamente, com uma precária e obsoleta infraestrutura, desde falta de ventilador mecânico, ausência de monitor cardiorrespiratório, inexistência de oxigênio contínuo, bem como, falta de drogas de caráter emergenciais e bombas de infusão contínua de medicamentos, além das eternas manutenções e ausências de aparelhos de eletrocardiograma, radiografia, desfribiladores et cetera.

Como se as condições de trabalho precárias e a falta de infraestrutura não fossem suficientes para comprometer a excelência na prestação do serviço que buscamos ofertar à população, nós Médicos também somos vítimas da falta de segurança, com constantes ameaças ao corpo médico e de enfermagem, onde o instrumento de “proteção” disponibilizado (câmeras de monitoramento) somente serve para fiscalizar o trabalho dos médicos e enfermeiros.

É importante ressaltar que o estopim desse afastamento dos médicos teve início com os atrasos salariais, que se arrastam desde Julho de 2015, tendo sido celebrado diversos acordos com a Prefeitura Municipal de Mossoró-RN e SAMA, tendo sido ajustado em uma das ocasiões a diminuição do número de Médicos Plantonistas, mas ainda assim persistem os atrasos salariais.

Os citados profissionais encontravam-se com salários e/ou honorários em atraso desde Setembro de 2015, tendo este somente sido pago em 16 de Dezembro do ano em curso após a possibilidade de entrega das escalas de plantão.

Objetivando, pois, melhores condições de trabalho, infraestrutura, segurança e o pagamento dos serviços prestados em dia, ou seja, melhorias para a categoria médica e da população de Mossoró, os citados Médicos passaram a cobrar da Prefeitura Municipal de Mossoró-RN, por entremeio da SAMA, o cumprimento das obrigações legais, uma vez que a saúde é dever do ente público.

Após as referidas cobranças, a empresa SAMA adotou uma postura não de austeridade, mas de represália em relação a um colega de profissão, apontando-o, nas entrelinhas, como incitador de motim e desleal. Certamente não poderíamos nos quedar inerte diante dos acontecimentos que comprometem a excelência na prestação dos serviços de saúde por nós Médicos.

Não ficaremos amordaçados para não reclamar os pagamentos dos salários dos meses de Outubro e Novembro de 2015. Iremos reclamar por melhorias e condições dignas.

O diálogo sempre foi buscado, mas pouco foi ouvido. Nada, ou quase nada, de melhoria se viu.

A solução que encontramos foi entregar a escala dos plantões das referidas Unidades de Saúde ao Diretor Técnico a partir de 01 de Janeiro de 2016, às 07:00 horas.

Nós sempre cumprimos com os ditames éticos da nossa profissão e, por esta razão, estamos sendo solidários ao movimento de defesa de dignidade da profissão, até quando venha ocorrer a devida melhoria, ou compromisso de melhoria, das condições de trabalho e infraestrutura, bem como, da remuneração digna e pontual pelos serviços prestados.

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Categoria(s): Saúde

Comentários

  1. naide maria rosado de souza diz:

    A verdade vindo à tona!

    • rraimundo nonato sobrinho diz:

      Acompanho todo dia este BLOG, e dentro dos meus limitados conhecimentos tento analisar as publicações dos nossos escritores. Por isso agradeço ao Carlos Santos pelo espaço.
      Agora falo sempre o que penso.
      Quando a verdade virá a tona? Isto minha escritora, ainda vai demorar muitos dias, meses e pode durar anos. Eu não diria séculos porque acredito que o tempo concerta tudo.
      Quando alguém defende a volta de gestores suspeitos, e que quando governaram varreu pra debaixo do tapete toda sujeira administrativa, é porque não conhece tudo, ou não está sendo coerente.
      Mais o tempo o senhor de tudo poderá mostrar. FUTURO!

  2. rraimundo nonato sobrinho diz:

    DR GLEDSON FALOU
    Concordo com tudo que Dr. Gledson falou, assino em baixo porque já denunciei muito mais e ninguém tomou uma providência, nem a gestão nem os médicos nem o Ministério Público. Agora que foi um médico que falou, pode ser que alguma providência seja tomada.
    Como Dr. Gledson falou nós “médicos queremos trabalhar”, e acrescentou o certo seria investir na Atenção Básica.
    Porém as UPA estão em decadência. Falta de tudo e como está, é apenas uma UBS melhorada. Sem RAIO X, ECG dia sim dia não quebrados, sem desfibrilador, sem respirador, dias falta até álcool a 70%.
    O quadro de servidores também começa a se comprometer.
    E agora qual os médicos que são lotados no PSF vão se arrisca a falar? Vão continuar calados fingindo que “Amaioria” trabalham e a gestão fingindo que para bem. E o MP não está na hora de fazer uma investigação pra saber que jornada de trabalho é desenvolvida no PSF no município de Mossoró. Eles os “médicos do PSF” deviam também dizer: Nós queremos trabalhar, queremos cumprir com a nossa jornada de trabalho. Como está não dar para continuar, caso contrário vamos entregar os nossos contratos. Quero ver.
    O prefeito já teve tempo suficiente para promover um concurso público, não fez, vai promover uma seleção, menos mal, mais não é a solução, é uma manobra, mais adiante todo mundo vai perceber. Só para se ter uma ideia o município precisa de mais de 100 técnicos de enfermagem, e foi anunciados 8 vagas. A quem o prefeito quer enganar.
    Talvez aí esteja sua desaprovação a falta de transparência. Quando pensamos que o prefeito vai mudar, ele apronta outra. Assim não dar Prefeito. E a secretaria de saúde porque concorda com este absurdo.
    Bom aqui registro minha opinião: O processo seletivo nestes moldes não vai resolver o quadro deficitário de servidores municipais, muito menos libertá-los como sonhei que um dia poderíamos alcançar a nossa liberdade.

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