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domingo - 03/07/2016 - 08:58h

O autoengano de Dilma Rousseff

Por Elio Gaspari (O Globo)

Dilma Rousseff disse que “o erro mais óbvio que cometi foi a aliança que fiz para levar a Presidência neste segundo mandato com uma pessoa que explicitamente, diante do país inteiro, tomou atitudes de traição e usurpação”. A doutora não gosta de reconhecer seus erros, e é possível que essa frase seja mais um pretexto para falar mal de Michel Temer do que uma reflexão sobre sua ruína.

Como está cada vez mais próximo o dia em que Dilma Rousseff passará para a História, restará uma pergunta: como foi que ela chegou a essa situação?

A aliança com o PMDB não foi um erro, foi o acerto que permitiu sua reeleição. Sem Temer na Vice-Presidência, ela não ficaria de pé. Não foi Temer quem fritou Dilma, foram ela e o comissariado petista que tentaram fritar o PMDB.

Logo depois da eleição de 2014, sob os auspícios da presidente, o PT começou a dificultar a vida do PMDB. Fizeram isso de forma pueril. Sabiam que Eduardo Cunha era candidato à presidência da Câmara dos Deputados e acreditaram que poderiam derrotá-lo lançando o petista Arlindo Chinaglia. Eleger um petista em plena Lava-Jato era excesso de autoconfiança. Acreditar que isso seria possível com a ajuda do PSDB foi rematada ingenuidade.

Quando o barco da prepotência petista começou a adernar, Dilma decidiu pedir socorro ao PMDB e convidou Temer para a coordenação política do governo. Ele não precisava aceitar, pois era vice-presidente da República. Em poucas semanas, recompôs a base governista, mas coisas estranhas começaram a acontecer.

Temer fazia acordos, os parlamentares cumpriam, e o Planalto renegava as combinações. Em português claro: Temer fez compras usando seu cartão de crédito, e Dilma não pagava as faturas. Ele foi-se embora e, aos poucos, juntou-se às multidões que pediam “Fora, PT” nas ruas. (Elas gritavam “Fora, PT”, mas não pediam “Temer presidente”, esse é o problema que está hoje na cabeça de muita gente.)

O comissariado do PT achou que hegemonia política é coisa que se obtém a partir de um programa de governo. Gastaram os tubos e produziram ruína econômica e isolamento político.

Talvez o maior erro de Dilma tenha sido outro, fingir que não via a manobra silenciosa de Lula tentando substituí-la na chapa da eleição de 2014. E o maior erro de Lula foi não ter sentado diante de Dilma dizendo-lhe com todas as letras que queria a cadeira de volta.

Elio Gaspari é jornalista e escritor

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Marcos Pinto. diz:

    A verdade é uma só : Ninguém tem cacife eleitoral para derrotar o CARA LULA, daí tanta perseguição implacável DO JUIZ GOLPISTA-FASCISTA MORO.

  2. João Claudio diz:

    E o erro mais óbvio que 54.501.118 milhões de brasileiros cometeram, foi votar em tu, ó grande desgraça, ó grande ”quebradora” de estatal e de país.

    VADE RETRO e leve a Jararaca junto, e a do Divino… bem durinha.

  3. Marcos Pinto. diz:

    De tudo resta um certeza: O Lula e a Dilma tiraram três milhões e meio de brasileiros da faixa estrema de pobreza absoluta. A raiva das pútridas e corruptas elites é a patroa não se conformar em sentir que a sua empregada doméstica está usando o seu mesmo perfume de marca. É ver o assalariado viajando de avião. É ver o pobre que ia buscar o gadinho no mato montando um esquálido jumentinho e depois dos governos Lula e Dilma vão montados em uma moto. É ver a casinha de taipa ser substituida por uma das aprazíveis casas do programa social MINHA CASA MINHA VIDA, com direito a financiar com juros módicos até os móveis novos para a nova casa. Enfim, as asquerosas “zelites” quer que os negros voltem para a senzala, sob o domínio dos Senhores da Casa grande. Quer que os humildes voltem para o eito, com remuneração humilhante e alegada. Que essas corruptas elites repense suas asnices esféricas em relação às imprescindíveis conquistas sociais.

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