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domingo - 24/08/2014 - 03:55h

O dia em que Henrique Alves seria…

Por Naide Rosado

Sobre “Memórias”, vai aqui uma muito forte, mas preciso contá-la, antes que ele seja eleito ou, mesmo, não.

Sempre tive muitas “tias”, algumas verdadeiras e outras, igualmente queridas, mas por serem amigas de minha mãe. Uma delas ocupava lugar especial: Tia Ivone, pessoa adorável.

Quando havia lanche no Centro da Cidade, se tia Ivone estivesse no Rio de Janeiro, ela exigia a minha presença e eu amava a oportunidade de lanches extraordinários na Colombo e em vários outros lugares.

Gostava muito de estar com ela. Não havia momento de silêncio. Nós conversávamos demais, como se eu fosse adulta.

Além do amor que sentia, havia o fato de me sentir muito importante. Se eu não estivesse em casa, ela mandava me buscar onde fosse. E, assim, foi crescendo uma extraordinária ligação entre nós duas, cheia de afeto e saudades pois ela viajava muito.

Certa dia ela ligou para mãezinha, avisando que iria lá em casa, mas era necessário que eu estivesse lá. Necessário. Mãezinha ficou assim, meio sem entender o que seria e, mais ainda, a necessidade de minha presença.

Sim, ela sempre me queria perto, mas dessa vez, a presença tinha uma conotação mais importante.

Então, mãezinha me disse: “Minha filha, Ivone vem aqui e quer que você esteja em casa”.

Ora, claro que nada seria mais importante para mim do que aquela visita amada.

Fez-se a tarde e minha tia Ivone chegou. Beijos para lá, beijos para cá, e nos sentamos. Não houve introdução, não houve o habitual está calor, ou está frio. Tia Ivone disse, imediatamente, a quê viera: “Naide, me dê Naidinha.”

O silêncio, a seguir, foi aquele que eu chamo de O Silêncio do Bosque. Posso descrever, exatamente, o que senti: uma surpresa, mas uma surpresa muito boa, embora soubesse que seria impossível aquela doação.

Embora amando imensamente meus pais e irmãos, uma felicidade imensa invadiu minha alma pois, mesmo muito jovem, sabia entender a intensidade do amor de quem quer uma filha.

A felicidade que me possuiu não foi a mesma do ambiente. Mãezinha, imagino que após recuperar o fôlego, disse em sua ternura habitual, mais ou menos isso: “Ivone, não posso lhe dar minha filha, olhe, Dix-huit e eu também a amamos, bem como a seus irmãos…obrigada por querer tanto uma filha minha, mas esse pedido não posso lhe conceder.”

Tia Ivone ainda disse algumas palavras sobre como cuidaria bem de mim… Não houve jeito.

E, desse modo, terminada a conversa específica, tia Ivone despediu-se, ela e mãezinha com vestígios de lágrimas. O assunto era aquele a ser tratado e Tia Ivone não era pessoa de meandros, rodeios.

Naquela tarde, ela levou um pedaço de meu coração. E, se eu já a queria tanto, mais ainda a quis.

Dei-me conta de como afortunada era, pois há pessoas que não têm mães e em minha vida que já contava com Mãe Dininha, minha avó materna, a quem chamei durante toda a sua existência de ” Minha Mãe”, doce criatura dos céus, tinha a minha mãe de fato, Naide Medeiros Rosado, preciosa, e minha tia Ivone que, ao me pedir, deixou explodir o seu amor e o meu. Minha querida.

Portanto, Henrique Alves, por algumas vezes nos encontramos em aeroportos e fui até você para lhe dizer como amava sua mãe. Não dava tempo, Henrique, de dizer: quase fui sua irmã. Era uma história com raízes que não podia ser dita numa frase.

Agora, antes que você se eleja e soe estranha a minha história, ou mesmo que haja a hipótese de não ser eleito, conto-a para você e seus irmãos, da mesma forma que estou contando aos meus.

Um abraço fraternal, a você e irmãos, filhos de minha muito querida, amada, Tia Ivone.

Naide Rosado é advogada e filha do ex-prefeito mossoroense Dix-huit Rosado

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. lair solano vale diz:

    Bom dia RN. Gostaria que o blog comparasse e comentasse sobre pesquisas atuais e anteriores na cidade de MOSSORÓ em 2010 /2014 – para todos os cargos. A impressão que tenho é que as “lideranças” não estão tendo, até o momento, capacidade de transferir votos.

  2. luis carlos diz:

    Linda história Dra. Naide. Me veio as lágrimas.
    Tantas crianças sem mãe nenhuma e voçe teve três.Deus lhe privilegiou.
    D. Ivone não tive o prazer de conhecê~la, masi muito ouvi falar da sua bondade e alegria.
    ABS

  3. David Leite diz:

    Que história bonita…
    Naide, por essa e por tantas outras que conhecemos, creio que você deve começar a pensar em reuni-las em livro…
    Abraços fraternos,
    David Leite

  4. Antonio Augusto de Sousa diz:

    Comovente! Parabéns D. Naide.

  5. naide maria rosado de souza diz:

    Sim, luis carlos, ela era bondosa e risonha. O ambiente , sempre alegre se estivesse presente. Sincera, muito sincera. David Leite, seus bons olhos de amigo, apreciam a minha singela escrita. Antonio Augusto de Sousa, o sr. que se comoveu, pode entender o que se passou no meu coração de menina. Obrigada a todos.

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