Por Marcos Pinto
“Para a nossa avareza o muito é pouco. Para a nossa necessidade, o pouco é muito”.(Sêneca)
Na amplitude assustadora do silêncio sepulcral oscilam os olhos da alma, filtrando na retentiva do desconhecido mistérios envoltos no além do infinito. Surge o espectro da interrogação, ampliando os horizontes do pensamento.
Busca-se, de forma incontida, algo transcendental, exorcizando fatos e pessoas que há muito já dobraram as esquinas do tempo, sumindo na ribanceira do esquecimento. As profecias ancestrais arreganham os dentes da realidade crucificante, evidenciando nos vincos da face atormentada um remorso adormecido, que já não pode fugir aos escrúpulos da consciência.
As garras de um pecado profundo sintomatiza um merencório e dolente peso de consciência. O destino imprevisível rasga-lhe as entranhas do passado, num lance de cobrança improrrogável, sem deixar espaços para evasivas e titubeios.
Não há como empreender fuga. A realidade quer se acobertar na senilidade assediante. O passar dos anos fez surgir um muro indevassável, sem saída, construído com a asquerosa argamassa dos mais profundos pecados.. A inflexível cobrança dos desiígnios do destino já não permite diminuir o atroz e mortificante peso da consciência.
Pulsa-lhe um coração tardiamente arrependido . obrigando-o a ver passar a procissão espectral de todas as injustiças, cometidas de forma vil e covarde contra indefesos semelhantes. A ânsia de acumular riqueza material impedira-lhe de ver e sentir as virtuosas manifestações cristãs., focando o bem comum. A sequidão da avareza impregnou-lhe na alma a aridez dos tormentos infindáveis. Deus mostrara-lhe o caminho farto e fértil, que a ganância e o egoísmo impediram-no de ver.
Dói-nos a constatação de que o TER tem se sobreposto ostensivamente sobre o SER, forjando espíritos ensandecidos, capazes da prática de todos os males, para atingir interesses os mais escusos e espúrios. Antigamente, predominavam pessoas profundamente virtuosas, que faleciam em odor de santidade.
Hoje, escasseiam os sentimentos nobres, pisoteados e garroteados pela ganância e egocentrismo. Vive-se o teatro da agonia, com protagonistas obrigados a dar os passos numa coreografia de tristeza e dor. O amor jaz no pano caído e surrado do teatro real. Sobejam as omissões cúmplices diante tantas injustiças, suscitando uma sucessão de tragédias aniquiladoras do bem estar coletivo.
De sorte, que resta-nos a certeza da existência de muitas almas nobres, detentoras de hábitos tão antigos quanto bons. Diante tantas interrogações, depara-se com a certeza de que a ingratidão traz consigo o gosto mais amargo da vida. De nada adianta dar o mel, para depois submeter ao gosto do fel.
Resta-nos protestar contra esse clima de apreensão e escassez de bom senso. O amigo e primo François Silvestre e o Alceu Amoroso Lima são dois grandes Pensadores que nos massageiam a alma com a plenitude dos seus ensinamentos.
O primeiro, enfatiza que “O tempo deixa perguntas, mostra respostas e traz verdades”. O segundo, sentencia que “O passado não é aquilo que passa, mas aquilo que fica do que passou”. Nesse mundo tão perverso e materialista, vivo minha solitude, adotando as palavras do grande Pensador Vicente Serejo: “Vivo de bem com a vida, sem culpá-la dos fracassos pessoais e do destino sem fortuna”.
Até mais ver.
Marcos Pinto é escritor e advogado
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