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domingo - 13/11/2016 - 15:46h

Um gerente medíocre na gestão de uma massa falida

Por Carlos Duarte

Em dois anos, o governo Robinson Faria (PSD) ainda não conseguiu sequer fazer funcionar regularmente o básico da gestão, que se traduza em prestação de serviços à sociedade, principalmente no que se refere à segurança, saúde e educação. E o que é pior: não tem estratégias de gestão de crise, nem plano B.

A coisa funciona mesmo com base no principio direto de ação e reação. Só que suas reações não são capazes de neutralizar as ações adversas que se impõem no contexto da gestão pública, ora adotada pelo governo do RN.

Com isso, o caos se instala e se aprofunda gerando prejuízos incalculáveis à população.

Está na hora do governador reconhecer que seu modelo de gestão não funciona, no atual ambiente de crise em que vivemos, e que alguma estratégia de saída tem que ser urgentemente implementada. Que, pelo menos, instale um Comitê Gestor de Crise, envolvendo os diversos segmentos produtivos e institucionais do RN, apresentando para sociedade o escopo de uma solução minimamente viável.

Isso poderá resgatar o nível de confiança do investidor e quebrar a inércia de desconfiança da população.

Paralelamente, o governo deve apontar os rumos da retomada do desenvolvimento do Estado, com o aproveitamento das potencialidades existentes, que possam resultar em crescimento do PIB de modo sustentável.

Precisa procurar minimizar as desigualdades existentes, direcionando e incentivando o crescimento econômico para regiões pouco produtivas.

O índice de Gini (indicador do IBGE que mede o grau de distribuição de riqueza) aponta que o RN é o Estado mais desigual do Nordeste (0,812). Isso significa que a produção de bens e serviços está concentrada em, apenas, 15 municípios – que detém 75% da economia do estado.

São eles: Natal, Mossoró, Parnamirim, Macaíba, São Gonçalo do Amarante, Macau, Areia Branca, Caicó, Assu, Baraúna, Ceará-Mirim, São José do Mipibu, Apodi, Currais Novos e Alto do Rodrigues.

Os outros 152 municípios restantes, que correspondem a 95% do total de municípios norte-rio-grandenses, respondem por, apenas, 25% do PIB estadual.

Natal (39%), Mossoró (13%), Parnamirim (6%) e Macaíba (2%) representam 60% de todas as riquezas geradas no RN.

Tem mais: 70% dos valores adicionados pela indústria estão concentrados na região metropolitana de Natal e na região do polo Mossoró.

Esse cenário explica, em parte, porque o RN tem potencialidades, mas não se desenvolve. A grande maioria dos municípios, embora tenha potencialidades econômicas, não tem políticas públicas e nem estratégias econômicas capazes de desenvolvê-los.

São relegados ao completo abandono dos governantes e entregues à própria sorte, ficando totalmente dependentes de transferências do Governo Federal (Previdência Social, aposentados/pensionistas, Bolsa Família e funcionalismo público).

O problema se agrava, ainda mais, com a seca prolongada e a falta de obras estruturantes capazes de conviver com o problema – que é cíclico e previsível, mas que só servem para o governo utilizá-lo como instrumento de atribuição de culpa a todas as mazelas.

O Governo do Estado – não é apenas exclusividade desta pífia gestão do governador Robson Faria – ao longo do tempo, nunca procurou envidar esforços para reduzir essa brutal desigualdade produtiva. Ao contrário, tem contribuído, cada vez mais, para agravá-la – dividindo o estado do RN em dois polos, um rico que fica na Grande Natal, outro que existe a partir da Reta Tabajara.

O discurso político desenvolvimentista adotado é mais uma falácia. Não existem estratégias ou políticas públicas voltadas para o fortalecimento das economias dos pequenos municípios do RN, mas, sim, suas segregações e marginalizações.

O governador Robinson Faria age como um medíocre gerente de folha de pagamento, que não dá conta sequer de mantê-las em dia.

O contribuinte fica a indagar: por que, mesmo com uma das maiores cargas tributárias do mundo, o governo presta um serviço de péssima qualidade e ainda não dá conta de pagar os servidores e os fornecedores?

Simplesmente porque é incapaz, não tem planejamentos e nem estudos de viabilidades sérios que façam funcionar minimamente o Estado. Falta-lhe visão empreendedora, liderança, conhecimento profundo da economia de mercado e, principalmente, humildade, transparência, autonomia e vontade de resolver.

SECOS E MOLHADOS

Desafio – De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) 77% das prefeituras deverão encerrar o ano de 2016 com as contas no vermelho. Mossoró (RN) faz parte dessa estatística com um rombo superior a R$ 120 milhões. O governo do prefeito “Francisco” pode até terminar o mandato com o pagamento da folha em dia, mas o que se desenha, de acordo com as projeções feitas, a partir dos próprios dados da contabilidade da PMM, é que a prefeita eleita, Rosalba Ciarlini (PP), terá fôlego para pagar somente oito das treze folhas de pagamento, em 2017. Se quiser se sair bem, ela não poderá repetir as mesmas estratégias usadas quando foi prefeita de Mossoró e governadora do RN.

Sem explicação – Em entrevista ao jornalista Reinaldo Silva, publicada no Facebook, a líder dos estudantes da Uern, que acabara de ocupar a sede da Reitoria, gagueja e não consegue explicar minimamente o objetivo da ocupação e da manifestação. Lamentável!

Bola da vez – Talvez, a privatização da Uern não seja a solução viável. Mas, passou da hora de se fazer um enxugamento de seus custos (que tem muita gordura para cortar) e de rever o seu atual formato de gestão (ultrapassado). Da forma como se encontra atualmente, o governo Robinson de Faria não terá mesmo condições de mantê-la. O momento enseja mudanças de estratégias e buscas de soluções para o problema, diante da crise que se aprofundará, ainda mais, em 2017. Não adiantam discursos passionais e manifestações evasivas, nessa hora. Quem quiser defender a Uern, contribua com ideias inovadoras e sustentáveis. Se nada for feito nesse sentido, correrá o risco der ser extinta. A insolvência do Estado do RN não é uma ficção. É realidade e, a Uern, é a “bola da vez”, nas discussões dos poderes.

Inversão de valores – Enquanto um estudante do ensino médio custa R$ 2,2 mil, por ano, um preso no Brasil custa R$ 2,4 mil, por mês. A constatação foi feita pela ministra do STF, Carmem Lúcia – que esteve recentemente fazendo um levantamento sobre os presídios no Estado do RN. Há 34 anos, Darcy Ribeiro profetizou numa Conferência: “Se os governadores não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”. Descaso feito, fato consumado. Não é à toa que o RN ocupa o topo da violência no Brasil. Basta olharmos a política voltada para a educação no Estado e municípios, nos últimos 30 anos. O recorde de homicídios, neste ano, em Mossoró, é um caos anunciado. E poderá piorar, se nenhuma medida estruturante e urgente for tomada.

* Veja a postagem anterior de Carlos Duarte clicando AQUI.

Carlos Duarte é economista, consultor Ambiental e de Negócios, além de ex-editor e diretor do jornal Página Certa.

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. João Claudio diz:

    Ele tá se lixando para a situação do RN.

    Mesmo com administração ruim, ele receberá,” blindado”, o seu salario até o fim. Ou seja, terá os seus salários garantidos ate dezembro de 2018. Inclusive os 13º.

    E após 2018? Ora, pensão vitalicia nele. E pode? Pode! Se Jajá e Lavô podem, por que o rob não pode? Foi o próprio rob que ”regulamentou” essa imoralidade. Foi, ou não foi? Ao ”regulamentar”, o rob pensou nele, ou não pensou?

    Ser politico no brasil é um graaande negócio, né não??? É!

    É brasil, meu filho. E o resto? Ora, o resto é o povão coitadão vestido de palhação. Diuturnamente.

  2. Mairton diz:

    Um coeficiente de Gini para a produção? Qual a sua fonte?

  3. João Claudio diz:

    Durante uma campanha à prefeitura de Mossoró, não me lembro qual, Rosalba fez uma pesquisa para saber da população o que a cidade mais precisava, e o que ela deveria fazer se eleita fosse. A resposta unanime foi PRAÇA.

    Perguntem a 99,9% da população na faixa etária entre 16 e 30 anos, se eles preferem desenvolvimento ou ”circo”.

    Eu sei e os políticos sabem mais ainda, que o ”circo” ganha DIS-PA-RA-DO.

    Alguém viu algum movimento popular, alguém viu o povão sair às ruas protestando contra o fechamento do Hospital Duarte Filho e da Casa de Saúde Santa Luzia? Contra o caos no Hospital Tarcísio Maia? Contra a falta de ambulâncias? Contra o fechamento do Hospital do Câncer? Contra o fechamento do Hospital da Mulher?

    Querem ver Mossoró pegar fogo? Derrubem o Nogueirão e em seu lugar construam um hospital ou o centro administrativo da prefeitura; interditem a Praça da Convivência por 30 dias; cancelem o cidade junina em 2017.

    As manifestações/protestos populares contra a proibição da vaquejada, é um exemplo bem recente de que o povão brasileiro adora circo. Por isso, e muitas coisas mais, o país esculhambou geral.

    99,999% dos políticos brasileiros não vale o que o gato enterra, e a maioria do povo está satisfeita em cheirar o que está enterrado. Desde que seja sob um ”circo”.

  4. carlos diz:

    Pé na bunda desse desgoverno potiguar. É heranca da rosa que não brochou. Massacre toral nos servidores públicos.

  5. paulo sergio martins diz:

    Quando quero saber o quanto o Estado está quebrado e insolvente, corro para o “Blog do BG”. Apesar de sua orientação nitidamente governista, ele nos oferece a radiografia da massa falida pelas mãos desse gerente inframedíocre chamado Robinson Faria.
    Qual hiena sorridente da própria tragédia, o blog canta e decanta o possível socorro financeiro ao RN pela União, destinando-lhe esmola emergencial proveniente da “repatriação” de dinheiro sujo pela Receita Federal. Sinceramente, que situação humilhante!

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